O ministro das Relações Exteriores, Téte António, exortou, esta quarta-feira, 22, na sede das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, nos EUA, aos membros do Conselho de Segurança para que mantenham firme o apoio ao Presidente da República, João Lourenço, e ao Processo de Luanda.
O Chefe da diplomacia angolana fez este apelo durante um almoço de trabalho com os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas a convite do ministro dos Negócios Estrangeiros da Serra Leoa, Timothy Kabba.
O encontro, de acordo com uma nota do Ministério das Relações Exteriores (MIREX), serviu para abordar o Processo de Luanda, que busca desanuviar a tensão política entre o Rwanda e a República Democrática do Congo (RDC), e a situação no leste do referido país para o alcance da Paz.
Na sua intervenção, Teté António reiterou o firme compromisso do Presidente da República e Facilitador designado pela União Africana, João Lourenço, na busca efectiva pela paz e segurança na Região Oriental da RDC.
O titular da pasta das Relações Exteriores considerou ser crucial que as partes continuem a defender e a respeitar integralmente o cessar-fogo, acordado pela RDC e Rwanda, em 30 de Julho, em Luanda, que entrou em vigor em 4 de Agosto de 2024.
Téte António lembrou, igualmente, que a Cimeira Tripartida Angola/Rwanda/RDC estava programada para ocorrer, em Luanda, a 15 de Dezembro, e reuniria o Presidente da RDC, Félix Tshisekedi, e o Presidente do Rwanda, Paul Kagame, na presença do Presidente João Lourenço.
A Cimeira serviria, também, para considerar as conquistas realizadas no âmbito do Processo de Luanda, desde Março de 2024 e o Projecto de Acordo apresentado pelo Facilitador a ambas as partes, em Agosto de 2024.
Informou que durante a Reunião Ministerial, realizada a 14 de Dezembro de 2024, na capital do país, surgiram visões divergentes quanto à resolução da questão M-23, a única pendente para finalizar e consolidar o Projecto de Acordo de Paz.
Neste contexto, mostrou preocupação com a falta de consenso sobre esta questão crucial nas relações entre os dois países e lamentou o adiamento da Cimeira, após um pedido de última hora do Rwanda.

Esclareceu que a ocasião foi, no entanto, aproveitada para João Lourenço reunir-se com o homólogo da RDC, Félix Tshisekedi, bem como o ex-Presidente do Quénia e Facilitador do Processo de Nairobi, que viajou para Luanda para participar da Cimeira, Uhuru Kenyatta.
Durante a alocução, Téte António referiu que, apesar do adiamento da Cimeira, Angola continua as consultas diplomáticas com os dois países para explorar maneiras de superar a única questão restante sobre o M23.
A este respeito, realçou que João Lourenço enviou uma mensagem ao Presidente Paul Kagame a 18 de Dezembro, numa tentativa de prosseguir com as consultas sobre a continuação do Processo de Luanda.
Por sua vez, manifestou profunda preocupação com a recente escalada do conflito e a ocupação pelo M23 de mais áreas, em particular na província de Kivu do Norte, como evidenciado pela ocupação de Masisi e o estabelecimento de administração paralela ilegal.
Essas acções minam os esforços em curso para alcançar a paz e a estabilidade duradouras no Leste da RDC e representam uma violação flagrante e inaceitável do cessar-fogo em vigor desde 4 de Agosto, acrescentou.
O Ministro das Relações Exteriores destacou os progressos significativos alcançados pelo Processo de Luanda, nomeadamente o cessar-fogo de 4 de Agosto de 2024, o Plano de Harmonizado para Neutralização da FDLR e Desengajamento das Forças/ Levantamento das Medidas de Defesa do Rwanda, a Operacionalização do Mecanismo de Reforçado de Verificação, bem como a Proposta de Acordo submetido pelo Facilitador às partes.
Ao concluir, o Ministro das Relações Exteriores instou as partes a priorizarem os interesses dos povos e o bem comum para alcançarem uma solução duradoura para o conflito que prevalece naquela sub-região há mais de 30 anos.