Eleições na JMPLA: Jovens candidatos afinam estratégias e reforçam apoios de figuras de proa do MPLA

É já considerada a mais disputada e interessante campanha política para o cargo de 1º Secretário Nacional da JMPLA que será eleito, cuja eleição acontece durante o IX Congresso Ordinário da organização juvenil do MPLA, agendado para o período de 21 a 23 de Novembro. Justino Capapinha e Adilson Hach são os candidatos que têm estado a andar pelo país a apresentar as suas estratégias de governação. Numa campanha renhida, com alguns nervos à flor da pele e acusações de ambos os lados, sendo também interessante os apoios de peso que os candidatos têm estado a arregimentar e como estas eleições estão a “mexer” as hostes do MPLA.

Por: Armindo Laureano*

Juventude inquieta: “Diálogo abrangente “para identificar os principais problemas da juventude foi o que Crispiniano dos Santos prometeu após ter sido declarado vencedor do VIII Congresso Ordinário da JMPLA em Outubro de 2019.

Os 295 delegados ao congresso deram-lhe uma vitória histórica (71,7% dos votos), num congresso também histórico, porque apresentava dois candidatos ao cargo máximo da estrutura juvenil do MPLA. Crispiniano era o candidato dos militantes e o seu adversário, Domingos Betico, era o escolhido das lideranças do Partido. Venceu a força, a voz e a vontade dos militantes. Foi uma juventude inquieta a procurar impor a sua força, a querer trilhar o seu caminho.

Apesar da estrondosa vitória, a governação de Crispiniano dos Santos foi muito cinzenta, a JMPLA perdeu força dentro da estrutura do MPLA. Nas eleições de 2022, o candidato João Lourenço não sentiu e nem viu a “força motriz” do partido. O que se viu ao longo dos anos foi uma JMPLA com falta de estratégias, visão, planificação, totalmente esgotada em termos de ideias, com falta de apoio, cooperação e solidariedade de certas lideranças. Diálogo profundo e abrangente com a juventude foi o que João Lourenço pediu durante o discurso de vitória que fez na sede do MPLA em Agosto de 2022, destacando a necessidade de se aproximar e dialogar mais com a juventude. Uma JMPLA que precisa de ter maior penetração junto dos jovens, de ter um discurso fluído, apelativo, objectivo, capaz de captar militantes, simpatizantes da organização e até mesmo jovens de fora da esfera do partido. Esta disputa entre Justino Capapinha e Adilson Hach é reveladora de algo muito intrigante: as divisões, as diferenças e divergências entre as bases e as lideranças ainda persistem.

A actual liderança da JMPLA não conseguiu afastar estes fantasmas, a disputa entre os actuais candidatos tem em si este tipo de cenário: Justino Capapinha, aquele que tem mais apoios das lideranças, e Adilson Hach, que procura jogar com o apoio das bases.

Esta disputa entre Justino Capapinha e Adilson Hach é reveladora de algo muito intrigante: as divisões, as diferenças e divergências entre as bases e as lideranças ainda persistem. (DR)

O peso e a força das redes sociais na campanha

As redes sociais têm sido o principal campo de batalha dos dois candidatos. Elas são o “palco” para divulgação de propaganda política e da agenda dos candidatos. É no Facebook e no Whatsapp onde diariamente são partilhadas as intervenções e os discursos dos candidatos. Os debates entre membros das equipas de campanhas, simpatizantes e apoiantes dos candidatos têm lugar nestas plataformas digitais.

Existem membros das equipas dos candidatos que diariamente vão “espalhando” nos grupos de Whatsapp ou perfis individuais informações sobre eles. Promovem debates e discussões sobre liderança, gestão e governação sempre no sentido de promover e projectar o seu candidato.

Wankana de Oliveira, Júlio Matias, Carlota Dias e Zé Toy (jornalista e DJ) têm sido os principais impulsionadores da campanha de Hach nas redes sociais. Já Job Capapinha, Tomás Bica, Anabela Diniz e Gabriel Veloso (jornalista e militante da JMPLA) têm sido os principais promotores da campanha de Capapinha. Não está previsto e nem acordado qualquer debate entre os candidatos nos principais veículos tradicionais de comunicação (televisão e rádio). O NJ convidou os candidatos para publicação de textos para apresentação das suas respectivas estratégias de actuação e ambos declinaram. Sinal que as duas candidaturas preferiram apostar nas redes sociais para captar o voto dos militantes. Não faltam acusações contra a actuação da imprensa pública de estar a favorecer um dos candidatos, neste caso, Justino Capapinha. Wankana de Oliveira, director de campanha de Adilson Hach, usou as redes sociais para acusar a imprensa de ter um “olhar inclinado” para Justino Capapinha e de o estar a levar ao colo. Já Tomás Bica refuta tais acusações e considera-as falaciosas. E, enquanto isso, a campanha segue até ao dia 19 deste mês.

Os apoios dos candidatos

Militantes de proa do MPLA que apoiam a candidatura de Justino Capapinha. (DR)

Com Justino Capapinha…

Estas são realmente as mais disputadas, as mais comentadas e as mais competitivas eleições da história da JMPLA. Sendo uma organização com o peso e importância na estrutura do MPLA, é natural surgirem interesses de grupos, posicionamentos regionais e familiares, estratégias de poder, simpatias pessoais, animosidades internas e lutas por protagonismos em torno destas candidaturas.

Justino Capapinha fez parte do secretariado da direcção cessante e é um candidato de continuidade. Trabalhou na gestão do primeiro-secretário cessante, Crispiniano dos Santos e tem o seu apoio. Paulo Pombolo, actual secretário-geral do MPLA e antigo líder da JMPLA, é tido como um dos apoiantes de peso de Justino Capapinha.

Tendo ele que, por inerência de funções, feito acompanhamento da organização juvenil do Partido e que ele liderou durante anos, é natural ter na sua liderança alguém da sua confiança, o filho do seu amigo Job Capapinha é uma aposta segura para si.

Job Capapinha tem declarado apoio público ao filho, mobilizando também todo o seu capital e influência política para fazer dele o novo líder da JMPLA.

Tomás Bica, o antigo líder da JMPLA em Luanda, surge em cena e é um apoiante de peso para a campanha de Justino. É tido como um dos estrategas da campanha. É ele que dá “o peito às balas” e anima os debates nas redes sociais.

Anabela Diniz também usa as redes sociais e sua capacidade mobilizadora para apoio ao também chamado de Capapinha Júnior.

Militantes de proa do MPLA que apoiam a candidatura de Adilson Hach. (DR)

E com Adilson Hach…

Antiga militante da JMPLA e deputada à Assembleia Nacional, Carlota Dias é natural de Namibe e uma das principais apoiantes de Adilson Hach. Tem sido um dos rostos mais influentes da campanha de um candidato que é, por sinal, seu conterrâneo. Mas é também movida por um certo sentido de justiça e da necessidade de combater certos grupos de poder que procuram mandar na JMPLA em prol dos seus interesses.

Tito Cambanje é jurista e viu a sua candidatura para a liderança da JMPLA chumbada por ter atingido o limite de idade. Jamais perdoou a actual direcção da organização e surge aqui como um apoiante de peso da candidatura de Hach. É a fera ferida que vai procurar atingir também os seus “algozes”.

Wankana de Oliveira considera-se um eterno injustiçado pelo MPLA. Tem participado em campanha, feito propaganda, promovido debates em prol ao “bom-nome” do seu MPLA e sente que não tem havido reciprocidade por parte do mesmo. É o líder da campanha de Adilson Hach e ofereceu os préstimos para combater uma estrutura que entende que, ao longo dos anos, tem combates que não servem os verdadeiros interesses do Partido e dos seus militantes.

Júlio Matias também surge neste grupo. O experiente especialista em seguros tem sido um dos mais entusiastas desta campanha, tem apoiado a elaboração de material de campanha e defende mudanças estruturais na JMPLA.

Archer Mangueira é o governador do Namibe e o seu apoio ao actual primeiro-secretário provincial da JMPLA era mais que esperado, é a suaaposta mais clara e objectiva.

Luísa Damião, vice-presidente do MPLA, no congresso de 2019, viu o seu candidato Domingos Betico perder copiosamente para Crispiniano dos Santos, obviamente que, sabendo das movimentações da dupla Paulo Pombolo/Job Capapinha, ela está “forçada” a apoiar a eleição de Adilson Hach.

Segundo fontes do NJ, a sua posição no MPLA, os desafios para 2026 e 2027 não ajudam se não tiver um JMPLA “sob controlo”. É uma luta de poder, estratégia, influência e até mesmo de sobrevivência.

Pedro Mutinde, antigo governador do Cunene, também é uma das figuras que tem estado na estratégia de apoio ao Adilson Hach. É um político experiente e influente, vai mobilizar a zona Sul para captar voto para a vitória do seu candidato.

*Novo Jornal

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