O Hamas afirmou que o seu líder no Líbano, Fateh Sherif Abu el-Amin, foi morto, juntamente com a sua mulher, e dois filhos, num ataque que visou a sua casa num campo de refugiados palestiniano na cidade de Tiro, no sul do Líbano, na madrugada desta segunda-feira.
Numa altura em que Israel intensifica as hostilidades contra os aliados do Irão na região, a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) declarou também que três dos seus dirigentes foram mortos num ataque que teve como alvo o bairro de Kola, em Beirute.
Testemunhas afirmaram à Reuters, que o ataque atingiu o andar superior de um prédio de apartamentos.
O ataque desta segunda-feira no bairro de Kola parece ter sido o primeiro ataque dentro dos limites da cidade de Beirute. Os sírios que vivem no sul do Líbano e que fugiram dos bombardeamentos israelitas estavam há dias a dormir debaixo de uma ponte no bairro, segundo os residentes da zona.
“Mohammad Abdel-Aal (…), chefe do departamento de segurança militar, Imad Odeh, membro do (…) comando militar no Líbano, e Abdelrahmane Abdel-Aal morreram mártires após um cobarde assassínio perpetrado por um avião sionista de ocupação em Kola”, um bairro predominantemente sunita de Beirute, indicou a FPLP, logo após o ataque, num comunicado divulgado no portal oficial do movimento.
A FPLP, uma organização palestiniana de esquerda, descrita como terrorista por Israel e pela União Europeia, tem apoiado as operações do movimento xiita libanês Hezbollah contra o norte de Israel, desde Outubro de 2023, em solidariedade com o grupo islamita palestiniano Hamas.
Uma fonte da segurança do Líbano disse que pelo menos quatro pessoas morreram hoje num ataque de um drone israelita, uma aeronave não tripulada, que visou um edifício residencial em Beirute.
Caso se confirme a autoria do ataque, trata-se da primeira incursão israelita no centro da capital libanesa desde o ataque do Hamas contra Israel, em 7 de Outubro de 2023.
Segundo a fonte, citada pela agência de notícias francesa France–Presse, o apartamento alvo do ataque pertence à Jamaa Islamiya.
Formado em 1960, este grupo islamita libanês – um ramo da organização islâmica radical Irmandade Muçulmana no Líbano – tem também apoiado as operações do Hezbollah contra o norte de Israel.
A frequência crescente dos ataques de Israel contra a milícia Hezbollah no Líbano e a milícia Houthi no Iémen provocou receios de que os combates no Médio Oriente pudessem ficar fora de controlo e atrair o Irão e os Estados Unidos, os principais aliados de Israel.
O exército israelita anunciou esta segunda-feira que aviões de combate atingiram dezenas de alvos do Hezbollah na região de Bekaa, no leste do Líbano, durante a madrugada, incluindo “dezenas de lançadores e edifícios onde as armas estavam armazenadas”.
Israel “continuará a atacar à força, a danificar e a degradar as capacidades militares e as infra-estruturas do Hezbollah”, acrescentaram as forças armadas, sem mencionar o ataque contra o centro de Beirute.
Os drones israelitas planaram sobre Beirute durante grande parte do domingo, com os estrondos de novos ataques aéreos a ecoar pela capital libanesa. As famílias deslocadas passaram a noite em bancos na Baía de Zaitunay, uma zona com restaurantes e cafés na orla marítima de Beirute.
Israel prometeu manter o ataque e diz que quer tornar as áreas do norte do país novamente seguras para os residentes que foram forçados a fugir dos ataques com foguetes do Hezbollah.
Muitos dos ataques israelitas têm sido levados a cabo no sul do Líbano, onde o Hezbollah, apoiado pelo Irão, tem a maior parte das suas operações, ou nos subúrbios do sul de Beirute.
O Hamas e o Hezbollah são aliados que se consideram parte de um “Eixo de Resistência” contra Israel, apoiado pelo Irão.
No Líbano, as autoridades acrescentaram que pelo menos 105 pessoas tinham sido mortas por ataques aéreos israelitas no domingo.
Segundo o Ministério da Saúde do Líbano, mais de mil libaneses foram mortos e seis mil ficaram feridos nas últimas duas semanas, sem dizer quantos eram civis. O governo disse que um milhão de pessoas – um quinto da população – fugiu de suas casas.
A intensificação dos bombardeamentos israelitas ao longo de duas semanas matou uma série de altos responsáveis do Hezbollah, incluindo o seu líder, Sayyed Hassan Nasrallah.
No domingo, Israel lançou também ataques aéreos contra a milícia Houth no Iémen.
O Ministério da Saúde do Iémen, dirigido pelos Houthi, afirmou que pelo menos quatro pessoas morreram e 29 ficaram feridas em ataques aéreos no porto de Hodeidah, no país, que Israel disse serem uma resposta aos ataques de mísseis Houthi.
c/agências