Pelo menos 12 migrantes morreram no pior naufrágio do ano no Canal da Mancha

Segundo um balanço provisório, pelo menos 12 migrantes morreram nesta terça-feira naquele que é desde já considerado o pior naufrágio do ano 2024 no Canal da Mancha, entre a França e as ilhas Britânicas.

A embarcação em que viajavam mais de 60 pessoas encontrou-se em dificuldade perto do Cabo Gris Nez, ao largo da França, no final da manhã deste 3 de Setembro, informaram as autoridades locais da Mancha.

Um navio fretado pelo Estado, o Minck, que tinha avistado a embarcação, rumou em sua direcção quando ela se despedaçou, especificou o tenente de navio Étienne Baggio em declarações à imprensa.

De acordo com as autoridades locais, sobre os 65 náufragos resgatados, 12 foram declarados mortos no mar, e vários outros hospitalizados em estado grave.

Além do navio Minck, helicópteros dos bombeiros e da Marinha, dois barcos de pesca e navios militares estão actualmente mobilizados para a operação, ainda em curso várias horas após o naufrágio.

As buscas continuam enquanto os navios que receberam as vítimas estão a levá-las para a cidade portuária francesa de Boulogne-sur-Mer, onde um posto médico foi estabelecido para o atendimento dos náufragos.

Ao anunciar que iria deslocar-se ao lugar onde se deu a tragédia, o Ministro do Interior demissionário, Gérald Darmanin, confirmou o balanço “provisório” de 12 mortos e disse que as vítimas são “sem dúvida pessoas do Corno de África”.

Gérald Darmanin relembrou que aqueles que tentam a travessia rumo ao Reino Unido, fazem-no para “juntar-se à família, para trabalhar lá às vezes em condições que não são aceitáveis na França”.

Essas pessoas “querem ir para a Grã-Bretanha, e não são as dezenas de milhões de Euros que negociamos todos os anos com nossos amigos britânicos e que pagam apenas um terço do que gastamos, nós, que farão parar as partidas clandestinas”, prosseguiu o Ministro francês do Interior ao reclamar o estabelecimento de “um tratado migratório entre a Grã-Bretanha e a União Europeia”.

Charlotte Kwantes, da associação de ajuda aos migrantes Utopia 56, denunciou uma política de repressão policial no litoral francês “completamente ineficaz (….) que leva a incidentes e dramas (…) repetidos”. “Há dois meses e meio que quase todas as semanas, se registam mortes na Mancha”, acrescentou.

Os dramas sucedem-se desde o início do verão, com um crescente número de travessias do Canal da Mancha em embarcações precárias e sobrelotadas.

Por exemplo, entre os dias 12 e 19 de Julho, seis migrantes morreram em três naufrágios distintos naquela zona. No final de Julho, uma jovem de 21 anos morreu esmagada sob o peso de outros passageiros de um barco sobrecarregado.

Dois outros migrantes morreram num naufrágio no passado dia 11 de Agosto, ao largo de Calais.

Antes do naufrágio desta terça-feira, já 25 pessoas tinham perdido a vida desde o início do ano de 2024, ao tentar atravessar a Mancha, superando em muito o balanço do ano passado, estabelecido em 12 mortes.

Segundo as autoridades britânicas, desde o começo do ano, as travessias ilegais do Canal da Mancha para o Reino Unido atingiram um número recorde, com a chegada de mais de 21 mil migrantes pela via marítima.

Ao assumir o poder no início de Julho, o novo primeiro-ministro britânico Keir Starmer anunciou que pretende acelerar o tratamento dos processos de requerentes de asilo, sendo que pretende paralelamente intensificar a luta contra os passadores e “reforçar” as fronteiras do seu país.

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