O grupo MCA foi fundado por Manuel Couto Alves, actual chairman, em 1998, em Guimarães, centrado no sector da construção. Actualmente, opera também em sectores como as energias, o desenvolvimento urbano, as infra-estruturas e a saúde, estando presente em quatro geografias. Angola teve um papel importante nesta evolução.
Ricardo Santos Ferreira*
O grupo MCA desenvolveu o maior parque solar da África Subsariana, na comuna do Biópio, no município da Catumbela, a norte da província de Benguela, e afirmou-se como “uma referência em projectos de electrificação”, com uma carteira de encomendas que inclui um projecto de electrificação rural orçado em mais de mil milhões de euros.
“O percurso da MCA em Angola tem evoluído significativamente. Dos primeiros projectos orientados para a construção de infra-estruturas, passamos para um compromisso mais profundo com a sustentabilidade e com a transição energética, muito em linha com os objectivos do Governo angolano de diversificar a sua matriz energética com fontes de geração limpa”, diz ao Jornal Económico (JE) Elisabete Alves, administradora responsável pelas operações (COO) de infra-estruturas internacionais do grupo.
A central fotovoltaica do Biópio, com uma potência instalada de 188,8 megawatts, foi inaugurada em Julho de 2022 pelo Presidente da República de Angola, João Lourenço, e foi visitada pelo primeiro-ministro português, Luís Montenegro, na visita oficial ao país, na semanada passada.
“Este parque, por si só, garante acesso a energia a mais de 1,2 milhões de pessoas e resultou de uma enorme operação logística que envolveu a colocação de mais de 500 mil painéis solares fotovoltaicos numa área de cerca de 375 hectares, o equivalente a 500 campos de futebol, com o contributo de mais de mil trabalhadores”, diz Elisabete Alves. “Tudo isto apenas foi possível pelo profundo conhecimento que a MCA tem do mercado angolano”, sublinha.
A central fotovoltaica do Biópio é uma das sete que compõem a totalidade do projecto previsto para as províncias de Benguela (Biópio e Baía Farta), Huambo (Bailundo), Bié (Cuito), Lunda-Norte (Lucapa), Lunda-Sul (Saurimo) e Moxico (Luena) e que prevê uma capacidade instalada de 370 megawatts, que abastecerão 2,4 milhões de pessoas, sobretudo em áreas com carências de infra-estruturas de acesso à rede pública de electricidade.
Todo o projecto é desenvolvido pela MCA, em consórcio com os norte-americanos da Sun Africa, e está orçado em 523 milhões de euros. Implica a instalação de um milhão de painéis solares.
“É com enorme entusiasmo que a MCA se mobiliza em torno destes projectos que, não só, demonstraram o reconhecimento da nossa experiência neste sector, como também ajudam a moldar um futuro mais sustentável e capacitado para as comunidades deste país”, diz Elisabete Alves.
Mil milhões em desenvolvimento
Além deste projecto de parque solares, a MCA tem outros em preparação. “Temos um pipeline muito exigente de projectos para os próximos anos, maioritariamente nas áreas das energias e infra-estruturas”, garante a COO do grupo para as infra-estruturas internacionais.
O grupo está já no terreno a desenvolver um projeto do Governo angolano de electrificação rural de 60 comunas que resultará na ligação de 203 mil habitações e no fornecimento de energia “para actividades económicas, assegurando 250MWp de potência fotovoltaica e 595MWh de capacidade de armazenamento em baterias”.
“Esta iniciativa não só contribui para a descarbonização, mas também representa uma economia estimada entre 3,1 e 5,9 milhões de euros comparativamente a outras metodologias de produção energética”, explica Alves ao JE, apontando que a electrificação garantirá o acesso a energia eléctrica “a comunidades situadas em áreas remotas que, actualmente, não têm acesso à electricidade ou enfrentam elevados custos devido ao uso de fontes de energia não renováveis”.
O projecto abrange 60 localidades em cinco províncias: Bié, Malange, Lunda Norte, Lunda Sul e Moxico e está orçado em cerca de 1,03 mil milhões de euros.
“Em todos os projectos em que estamos envolvidos procuramos sempre estabelecer parcerias com empresas que nos disponibilizem produtos inovadores e conscientes. É o caso da Samsung SDI com quem estabelecemos recentemente um acordo para o fornecimento de 319 Mwh de módulos de baterias de iões de lítio E5S”, acrescenta.
Da construção à energia
O grupo MCA foi fundado por Manuel Couto Alves, actual chairman, em 1998, em Guimarães, centrado no sector da construção. Actualmente, opera também em sectores como as energias, o desenvolvimento urbano, as infra-estruturas e a saúde, estando presente em quatro geografias. Angola teve um papel importante nesta evolução.
“Estando presente em Angola desde 2006, a MCA tem dado contributos substanciais em projectos verdadeiramente estruturantes e é assim que perspectivamos o futuro e as novas oportunidades emergentes na economia angolana”, diz Elisabete Alves.
Em Angola, o grupo construiu e reabilitou mais de 800 quilómetros e esteve, também, envolvido na construção de centralidades no Sumbe e no Bailundo, “no desenvolvimento de novas urbanizações e na melhoria da infra-estrutura habitacional do país, proporcionando habitação moderna e acessível de forma a reduzir a pressão sobre as áreas urbanas já existentes e a optimizar a distribuição geográfica da população”.
“Fruto de uma diversificação estratégica fundamental para o Grupo, ao reconhecer a importância da transição energética, tornarmo-nos num player líder no sector, tendo sido em Angola, a geografia onde desenvolvemos o primeiro parque solar”, aponta Alves.
“Podemos dizer que, da mesma forma que Angola desempenhou um papel essencial na transformação e capacitação da MCA para a área das energias limpas, com um impacto substancial na estratégia e dimensão do grupo, a MCA está empenhada em ser um motor de transformação, ajudando as comunidades a ter uma vida melhor no seu presente e para as próximas gerações”, conclui.
*Jornal Económico