Montenegro aposta nas qualificações e na economia para melhorar a relação com Angola

Primeiro-ministro português, Luís Montenegro estará três dias em Angola para reforçar relações bilaterais, com objectivos centrados no desenvolvimento económico, mas também na mobilidade e na formação profissional e ensino.

A balança comercial de bens com Angola continua a ser favorável a Portugal, apesar de as vendas estarem longe da pré-crise angolana, cujo excedente ronda os 990 milhões.

Depois de um pico no tempo da troika, Angola deixou de comprar tantos bens e Portugal cristalizou-se, na última meia década, sendo neste momento, o nono país para onde as empresas portuguesas mais exportam.

Angola está neste lugar do ranking das exportações pelo quinto ano consecutivo (de 2019 a 2023), apenas ultrapassada pela Espanha, França, Alemanha, Estados Unidos da América (EUA), Reino Unido, Itália, Países Baixos e Bélgica (este leque de principais destinos é o mesmo ao longo de todo este período, com uma única diferença — pelo meio, os Estados Unidos passaram à frente do Reino Unido).

Segundo os dados anuais do Instituto Nacional de Estatística (INE), Portugal vendeu a Angola ao longo do ano passado bens no valor de 1263 milhões de euros e só comprou 271 milhões em produtos, o que significa que a balança comercial continua a ser favorável a Portugal, com um excedente de 992 milhões de euros. De 2012 para 2023, as vendas portuguesas caíram 11%, baixando de 1423 milhões para os tais 1263 milhões.

As empresas nacionais vendem sobretudo máquinas, fornecimentos industriais, produtos transformados, produtos alimentares e bebidas, materiais de transporte e acessórios.

As exportações portuguesas para Angola caíram 11% de 2022 para 2023. (STRINGER / REUTERS)

Angola: O nono país para onde Portugal mais exporta

Dos cerca de 1200 milhões de exportações, um terço são justamente máquinas. Esta categoria, onde estão contabilizadas as máquinas e aparelhos, material eléctrico, aparelhos de gravação ou de reprodução de som, televisões e acessórios, representou vendas de 419 milhões de euros (33% de todas as exportações).

Num patamar já na ordem dos 140 milhões aparecem produtos das indústrias químicas (com um peso de 11%); ligeiramente acima dos 130 milhões de euros, os metais comuns (10%); e, com um peso de 119 milhões, bens alimentares, bebidas, vinagres, tabaco e outros produtos com nicotina (9%).

Angola é, lembra a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) no seu site, o segundo maior produtor petrolífero de África, o que ajuda a explicar que Portugal importe sobretudo combustíveis (233 milhões de euros). Com um peso já muito menor, o país compra também a Angola produtos agrícolas, minerais e minérios, madeira, máquinas e aparelhos.

De 2012 a 2014, Angola foi o quarto principal destino das exportações portuguesas (nessa altura só estavam à frente a Espanha, a Alemanha e a França), chegando, em 2014, a comprar ao país mercadorias no valor de 3178 milhões de euros. Se no ano seguinte Portugal ainda consegue exportar bens no valor de 2000 milhões de euros, a tendência de quebra que então começa a fazer-se sentir vai perdurar. Logo em 2015, ao ser ultrapassada pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos, desce para o sexto lugar.

A crise económica em Angola, agravada pela quebra da cotação internacional do petróleo, faz baixar as compras ao exterior ao ponto de, em 2016, as aquisições a Portugal serem metade do que se verificara em 2014, o ano do pico.

Nessa altura, Angola já passara a ser o oitavo destino das vendas portuguesas (ficou neste lugar de 2016 a 2018) e, em 2019, voltou a cair, passando para o nono degrau, onde permanece até agora. Nunca mais as vendas voltaram ao que se verificara antes da crise económica angolana.

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