BES Angola: Álvaro Sobrinho vai (mesmo) sentar-se no banco dos réus em Portugal acusado de 33 crimes de burla

O empresário luso-angolano Álvaro Sobrinho, Ricardo Salgado e outros três arguidos vão (mesmo) sentar-se no banco dos réus por burla, branqueamento e abuso de confiança. A juíza Gabriela Assunção, que conduz este processo, não tem dúvidas que existem muitas provas e, por este facto, considera provável a condenação destes milionários. Esta posição é, igualmente corroborada pela magistrada do Ministério Público.

Tal como o ECOS DO HENDA já publicou em edições anteriores, o ex-presidente do BES Angola, Álvaro Sobrinho e o seu ‘comparsa’ antigo banqueiro, Ricardo Salgado, e vão a julgamento por burla, abuso de confiança e branqueamento de capitais.

“Arguidos responsabilizam os demais à excepção de si próprios. Nenhuma das versões é idónea e contrasta com a impressiva prova que sustenta a acusação”, declarou a juíza da causa Gabriela Assunção.

A decisão da juíza Gabriela Assunção também vai no mesmo sentido para os outros três acusados deste processo, os antigos administradores do BES, Amílcar Morais Pires e Rui Silveira, e o ex-administrador do BES Angola, Hélder Bataglia, que chegou a ser uma testemunha decisiva na investigação da Operação Marquês em Portugal.

“Há dezenas de buscas, escrituras, milhares de documentos relevantes, agendas, memorandos de reuniões e transcrições de buscas”, referiu a juíza esta terça-feira durante a apresentação da acusação formal aos arguidos.

Álvaro Sobrinho, cujos advogados recorreram à justiça e aos órgãos de soberania angolano no sentido de advogar a favor do arguido como aconteceu com o ex-vice-Presidente Manuel Vicente, está a ser acusado de 33 crimes de burla, abuso de confiança e branqueamento de capitais, pela alegada apropriação indevida de cerca de 400 milhões de euros.

Por sua vez, Ricardo Salgado, que era o presidente do BES, vai responder por dois crimes de abuso de confiança e burla, porque terá tido conhecimento da alegada gestão danosa no BESA.

Ricardo Salgado alegava que a doença de Alzheimer punha em causa o seu direito de defesa, mas a juíza da causa não concorda com esse argumento: “Concluiu-se que apesar dos défices cognitivos, tem boa capacidade de expressão, compreensão e raciocínio. Em todo o caso, o apuramento de real capacidade neurológica não é na fase de instrução”.

No debate instrutório, a procuradora do Ministério Público tinha considerado que havia mais probabilidades de os arguidos virem a ser condenados do que absolvidos, em caso de julgamento.

“Os factos foram praticados pelos mais altos responsáveis do BES em Portugal e do BESA em Angola. Indivíduos cujos conhecimentos não se compadecem com as versões simplistas, irresponsáveis e irreais que apresentam”, referiu a procuradora do Ministério Público.

O BES em Portugal terá sido prejudicado em cerca de 4,7 mil milhões de euros, através da concessão irregular de crédito que desequilibrou as contas do BESA.

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