Preferem se tratar no exterior: Dirigentes angolanos acusados de não confiar no sistema de saúde de Angola

Os dirigentes angolanos estão a ser acusados de não confiarem no sistema de saúde do País que dirigem, com maior realce a elite governante.

Essa acusação surge em virtude da Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, ter viajado na passada terça-feira, 26 de Março de 2024, para o Reino de Espanha por motivos de saúde.

Segundo avança o Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa dos Órgãos de Apoio a Vice-Presidente da República, cuja nota chegou à redacção ECOS DO HENDA, Esperança da Costa, embarcou em viagem privada de alguns dias, sem no entanto, especificar os motivos de tal visita.

De acordo com fontes próximas, a viagem de Esperança da Costa tem como motivo principal a sua saúde. Nos últimos tempos, a Vice-Presidente tem sido acompanhada por um médico que reside na Espanha, o que justifica a sua visita ao país. Esta é a segunda visita privada realizada nos últimos tempos, sendo que a última ocorreu em Janeiro do ano passado, quando Esperança da Costa esteve em Portugal.

Embora a viagem seja de carácter privado, é importante ressaltar que a saúde de um membro do governo desperta interesse e atenção da opinião pública.

Esperança da Costa é uma figura pública importante e qualquer informação relacionada à sua saúde é relevante para o País.

Ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta. (DR)

Sílvia Lutucuta desconfia da saúde de Angola e recorre a Portugal para uma intervenção cirúrgica

Até a própria ministra da saúde de Angola, Sílvia Lutucuta, que tem acompanhado a construção e reabilitação de grandes infra-estruturas sanitárias do País, cujos médicos supostamente estão aquém das exigências dos governantes, dentre os quais, ministros, secretários de Estado e outras individualidades, chegou a recorrer em Maio de 2023, ao Hospital da Luz, na cidade do Porto, em Portugal, por conta de uma intervenção cirúrgica a que foi submetida.

Naquela altura, uma fonte médica contactada a propósito, em Luanda, revelou que a governante foi alvo de uma intervenção cirúrgica de foro ginecológico (extracção de miomas).

Confrontada com o assunto, uma fonte próxima ao gabinete da ministra, falando sob anonimato, não desmentiu nem confirmou a informação, limitando-se a dizer que a governante está ausente do país, de um tempo a esta parte. Prometeu, contudo, fornecer mais dados, caso os venha a ter em sua posse.

Este Portal sabe que se tratou, de facto, de uma intervenção de foro ginecológico e, por este facto, levanta-se a pertinente questão: “sendo a miomectomia um procedimento rotineiro na maternidade Augusto Ngangula e noutras unidades de saúde, por que a ministra não recorreu aos hospitais nacionais?”, questionou o jornalista Ilídio Manuel.

Para este jornalista e analista políticos, cujas intervenções nas redes sociais suscita sempre muitos debates, a suposta falta de confiança nos recursos locais não estará em contradição com a ministra, já que ela tem dado voz a uma ruidosa campanha governamental que consiste em passar a ideia à opinião pública nacional e internacional segundo a qual os serviços de saúde em Angola terão melhorado substancialmente.

“Depois de ela ter decidido suprimir as juntas médicas baseando-se na premissa de que já há, em Angola, condições de saúde suficientes para evitar essas despesas ao Estado, como se pode justificar que a responsável máxima pela saúde no país não confie no próprio sistema que administra?”, voltou a questionar Ilídio Manuel.

Entretanto, esta não foi a primeira vez que o nome da titular da pasta da Saúde emerge num cenário de polémicas. Em Novembro do ano 2022, o jornal digital Club-K havia noticiado que Sílvia Lutucuta teria sido vista a fazer consultas médicas no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa.

Na ocasião, uma fonte próxima à ministra desmentiu a notícia divulgada pelo jornal de José Gama, tendo afirmado que Sílvia Lutucuta tinha estado naquele hospital, não em tratamento médico, mas para fazer “o teste da COVID-19”, quando muito bem poderia fazer em Angola.

A mesma fonte, que oficiosamente falava em nome da ministra, disse que ela, quando está em Portugal, tem visitado sempre à referida unidade de saúde para rever “antigos professores e colegas, com os quais tem uma relação de 30 anos”.

Até a Primeira-Dama da República prefere tratar-se fora do Pais…

Ana Dias Lourenço, teria sido, também ela, operada numa clínica de luxo em Espanha, tal como noticiou o ECOS DO HENDA: aceda a notícia aqui.

O assunto desencadeou acesos debates entre internautas, muitos levantando a questão acerca da qualidade dos serviços dos novos hospitais, ou se estes serviam apenas para o “povo em geral”, uma vez que a elite governante continua a viajar para o exterior do país, ao mínimo desconforto.

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