Um total de cinco indivíduos, dos quais três acusados de estar directamente implicados no assassinato do reitor da Universidade Gregório Semedo, Laurindo Vieira, foram detidos pelos efectivos da direcção Central de Operações do Serviço de Investigação Criminal (SIC) de Luanda.
O porta-voz do SIC-Geral explicou que os acusados foram detidos por roubo qualificado, concorrido de homicídio voluntário, assim como receptação e compra de bens roubados.
Manuel Halaiwa disse que os acusados são recorrentes em tais práticas, entre os quais Pambala, de 23 anos, que efectuou o disparo mortal, Mula, de 33 anos, e Raul, de 36 anos, este último motorista de um táxi personalizado da empresa Ugo, que usava a viatura para realizar acções criminosas em horas normais de trabalho.
“Além destes cidadãos, foi, igualmente, detido, um outro cidadão, de 33 anos, acusado de ter comprado o telefone da vítima, a 80 mil kwanzas, e revendido à prima, de 32 anos, também detida, por 60 mil kwanzas”, explicou.
O superintendente-chefe informou que, mediante um aturado trabalho de investigação criminal, o SIC apurou tratar-se de uma rede criminosa composta por cinco elementos, dos quais três já estão detidos, faltando dois, ainda em fuga, identificados por Camaro, por sinal líder do grupo, e famoso.
Os acusados, esclareceu, identificavam as vítimas dentro dos bancos, para assaltar. “Eles se faziam passar por clientes e identificavam as pessoas, com base na aparência e na quantidade de dinheiro que levantavam. Outros integrantes do grupo ficavam nas proximidades do banco a controlar os clientes que saiam e faziam a perseguição de mota e carro. O objectivo era roubar o dinheiro das vítimas”, disse.
O professor Laurindo Vieira, contou, foi vítima desta acção, quando saía do banco BCI. Depois de levantar o dinheiro, avançou, foi abordado por um dos detidos, no caso o indivíduo apelidado por Pambala, que pretendia levar os valores, tendo subtraído deste o telefone e a arma de fogo da vítima. “Após o acto, todos colocaram-se em fuga”.
As diligências feitas, destacou, permitiram detectar o telefone de marca Samsung e assim chegar até aos acusados, com quem encontraram uma arma de fogo, do tipo pistola, marca Makarov, da vítima, e uma viatura, de marca Toyota, modelo Avanza, pertencente à empresa de táxi personalizado “Ugo”, usada como apoio nas acções criminosas.
Combate contra crimes violentos
Manuel Halaiwa assegurou, também, a predisposição do SIC em combater, de forma cerrada, a criminalidade violenta em Luanda, e não só, e continuar a ser implacável contra os indivíduos que insistirem no cometimento de práticas ilícitas.
As investigações sobre outros cinco crimes ocorridos também na zona do Patriota, garantiu, estão em curso, para que os envolvidos sejam devidamente responsabilizados.
Em relação ao facto da Polícia e o SIC afirmarem que o crime está controlado e depois dar-se a ocorrências de crimes diversos, Manuel Halaiwa considerou o crime um fenómeno social que ocorre por vezes de acordo com algumas vulnerabilidades. “Mas os órgãos de defesa e segurança tudo têm feito para mitigar e prevenir o crime, identificando os autores para serem responsabilizados”.
Reconstrução do caso
Laurindo Vieira morreu, na última quinta-feira, dia 11, momentos depois de ter saído de uma dependência do Banco de Comércio e Indústria (BCI), na zona do Patriota, onde terá levantado 500 mil kwanzas, valor este que os meliantes pretendiam receber à força, mediante ameaça de arma de fogo. Antes, o malogrado teria passado numa outra agencia bancária, onde havia levantado um milhão de kwanzas, mas precisou de mais 500 mil kwanzas que decidiu levantar na agência do BCI no Patriota.
O suposto autor do disparo mortal contou que perseguiram a vítima, na estrada do Patriota, com intenção de receber o dinheiro, que havia levantado no banco. Toda a informação sobre os valores levantados e quem era a vítima, revelou, foi dada por um dos comparsas, identificado por Camaro, que está em fuga. “Ele também recebeu a informação de uma terceira pessoa, que não sei quem é”.
No grupo, disse, tinha o papel de seguir as vítimas de mota, com o amigo Famoso. “Mas tínhamos também uma viatura de apoio, onde ficavam os outros membros do grupo”, contou, alegando que disparou quando viu a arma de fogo do malogrado. “A arma era do Camaro. Não conhecia a vítima, nem sei quem foi o informante de Camaro, que lhe falou sobre o levantamento do dinheiro”, disse.
Outro integrante do grupo, encarregado de conduzir a viatura da empresa Ugo, disse ter participado em mais outros cinco assaltos, orquestrados por Camaro, residente em Cacuaco, o principal arquitecto dos roubos.
Naquele dia, lembrou, recebeu uma chamada por volta das 11h00, para assaltar um cliente na porta de uma agência bancária. Geralmente, explicou, como motorista, fica no carro, à espera do sinal do mandante de quem é a vítima. Depois de a identificarem, o perseguem e escolhem um ponto para o assaltar. Pela participação nestas acções, continuou, tem recebido entre 70 e 80 mil kwanzas por cada roubo efectuado com sucesso.