O deputado do MPLA Vicente Pinto de Andrade acredita que o Presidente angolano não vai avançar para um terceiro mandato e defendeu que o partido no poder em Angola desde 1975 vai voltar a ganhar as eleições em 2027.
Vicente Pinto de Andrade comentava à Lusa a previsão da Economist Inteligente Unit (EIU), segundo a qual o Presidente angolano deverá tentar a reeleição em 2027, avançando para um novo mandato e contornando o limite de dois imposto pela Constituição angolana.
“Não acredito”, disse o deputado do MPLA que chegou a posicionar-se como candidato presidencial independente no tempo do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, sublinhando que João Lourenço está a apostar no relançamento de Angola como “um país confiável” e que quer “pôr na linha”.
“É o que está a acontecer”, realçou o político.
Segundo o relatório da unidade de análise do grupo The Economist, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) deve voltar a vencer as eleições em Angola, em 2027, com João Lourenço a candidatar-se como cabeça de lista do partido a um terceiro mandato, contornando o limite de dois imposto pela Constituição angolana.
Sem avançar nomes sobre quem seria o candidato mais indicado para suceder a João Lourenço à frente do MPLA e concorrer às eleições gerais, Vicente Pinto de Andrade afirmou que é “natural e é expectável” que apareçam várias pessoas a candidatarem-se, apesar de essa não ter sido a prática do partido.
“O país está a mudar, hoje há uma pluralidade e uma abertura que nunca houve. É a primeira vez que as pessoas se sentem livres de darem as suas opiniões, dão as suas opiniões e não são presos, por isso, há todas as condições para as pessoas, se quiserem, candidatarem-se”, vincou o também economista e professor universitário.
Quanto ao MPLA, que está à frente dos destinos de Angola desde que o país se tornou independente, “está cada vez mais valorizado, com pessoas mais capazes, é natural que apareçam companheiros que queiram disputar”.
O aparecimento de vários candidatos será, segundo Pinto de Andrade, a confirmação de que João Lourenço “contribui para a democratização do país e do próprio MPLA”.
Sobre as probabilidades de vitória do partido nas próximas eleições, considerou que “quem está a transformar Angola do ponto de vista político e económico é o MPLA”, pelo que é natural que pertençam a este partido as figuras que “podem contribuir para o aprofundamento da democracia”.
Para o deputado do MPLA, a queda de popularidade do partido “é natural” tendo em conta que a economia vive “momentos difíceis” face à crise que afecta o mundo e também Angola.
“É natural que haja um conjunto de angolanos que não estão satisfeitos porque não se apercebem que a situação difícil que o nosso país está a viver também é produto da crise a nível mundial”, salientou.
Vicente Pinto de Andrade disse que o MPLA “vai continuar a trabalhar”, sendo, na sua opinião, o único partido que “ainda tem qualidade para liderar o país”, cabendo ao povo fazer as suas escolhas.
“Em democracia tudo vale”, afirmou, acrescentando que não acredita em mudanças súbitas.
Quanto ao MPLA, deve trabalhar e preparar-se para voltar a merecer a confiança do povo angolano, acrescentou.
“É evidente que já não são aquelas vitórias de quase 100%, mas é natural, a democracia é assim e eu gosto da democracia (…) e acho que o MPLA ainda é o partido que merece a confiança para transformar este país”, comentou, apontando também ataques internos ao próprio MPLA.
“Há angolanos que perderam mordomias que tinham no passado, pessoas que eram do MPLA e que agora são contra o MPLA, alguns estiveram envolvidos em situações pouco claras e estão tristes, estão zangados”, agindo contra o partido e o próprio presidente, frisou.