Isabel dos Santos tenta salvar centenas de milhões de dólares num tribunal em Londres

A empresária e multimilionária angolana Isabel dos Santos foi acusada esta quarta-feira, 29 de Novembro de 2023, num tribunal em Londres de ser parte de uma “cleptocracia” em Angola ao que ela respondeu através do seu advogado ser vítima de uma “campanha de opressão”.

Os argumentos foram ouvidos em tribunal onde ela se opõe a um pedido de congelamento de bens e fundos em Inglaterra avaliados em cerca de 736 milhões de dólares, processo esse iniciado pela companhia de telecomunicações angolana UNITEL.

Entre os bens que a UNITEL quer congelar encontra-se uma das propriedades mais caras do luxuoso bairro de South Kesington em Londres, uma casa avaliada em cerca de 26,5 milhões de dólares em St. Mary’s Place.

A UNITEL alega que Isabel dos Santos deve à companhia milhões de dólares de empréstimos feitos à companhia holandesa Unitel International Holdings (UIH), controlada por ela, para a aquisição de acções em companhias de telecomunicações. Os empréstimos foram feitos em 2012 e 2o13 quando Isabel dos Santos era diretora da UNITEL.

A companhia angolana diz que os empréstimos nunca foram pagos e que ela deve ainda centenas de milhões de dólares.

Isabel dos Santos alega que é a própria UNITEL responsável pela falta de pagamento da dívida porque jogou um papel no que diz ser a confiscação ilegal de bens da UIH.

A UNITEL nega qualquer envolvimento na confiscação dos bens da UIH e acusa em tribunal, Isabel dos Santos de tentar transformar o caso “em outra batalha de uma guerra de relações públicas contra o sucessor do seu pai”, o atual presidente João Lourenço.

O advogado da UNITEL, Paul Sinclair disse que a acumulação de riqueza por Isabel dos Santos é “um conto clássico de cleptocracia e corrupção”.

A UNITEL está a tentar congelar todas as contas e bens de Isabel dos Santos através do mundo naquilo que o advogado da empresária Richard Hill disse ser parte de “uma campanha do estado angolano por motivações políticas”.

Bens de Isabel dos Santos já foram congelados em Portugal e em Angola, e em maio, um juiz britânico concordou que Isabel dos Santos fosse constituída arguida no caso agora a ser julgado.

Os advogados da UNITEL tinham pedido ao tribunal para acrescentar o nome de Isabel dos Santos ao processo que iniciou contra a holandesa Unitel International Holdings (UIH) que, apesar de ter o mesmo nome, não tem qualquer ligação com a companhia angolana.

Na altura o juiz Mark Pelling decidiu que Isabel dos Santos devia ser acrescentada como arguida no caso, afirmando haver “uma perspetiva real de sucesso” no que diz respeito às alegações de que ela violou os seus deveres como diretora da UNITEL

Advogados trocam acusações

O advogado de Isabel dos Santos, Richard Hill, disse ao tribunal que o pedido de congelamento dos bens da empresária foi obtido “com provas fabricadas que incluem uma cópia forjada de um passaporte com a assinatura de Bruce Lee”.

O advogado da UNITEL Paul Sinclair disse que “Isabel dos Santos é uma figura controversa, acusada de beneficiar do regime cleptocrático do seu falecido pai, o antigo presidente de Angola”.

“Ela e companhias associadas a ela, foram já alvos de medidas de congelamento – que foram violadas – e de decisões adversas em jurisdições através do mundo”, acrescentou o advogado da UNITEL afirmando ainda que Isabel dos Santos “(…) cometeu falsificações, é alvo de investigações criminais e está proibida de entrar nos Estados Unidos devido à corrupção”.

“Ela faz face a alegações de beneficiar de corrupção e cleptocracia, bem como de pilhagem de companhias estatais angolanas”, afirmando depois que ela deve à UNITEL 580 milhões de Libras (734 milhões de dólares) em empréstimos não pagos e juros”.

O advogado negou que houvesse razões políticas no caso, afirmando que a ação foi iniciada “por razões comerciais”.

O advogado de Isabel dos Santos disse que o pedido de congelamento é “opressivo e desnecessário”.

Ele afirmou que a empresária é vítima de uma “campanha política” iniciada para a desacreditar e proteger pessoas responsáveis por uma “fraude” que ela diz ter descoberto quando era presidente da companhia de petróleos Sonangol em 2016.

O advogado negou que houvesse qualquer tentativa de Isabel dos Santos de “dissipar” os seus bens em Inglaterra, afirmando ser óbvio que a empresária não tomou qualquer iniciativa nesse sentido

As audiências concluem hoje a uma decisão que será anunciada mais tarde.

Fonte: Voa

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