Nova espécie de lagarto descoberta em Angola

Uma equipa de investigadores portugueses descreveu para a Ciência uma nova espécie de lagarto, o lagarto-lança-da-Serra-da-Neve (Acontias mukwando), num dos locais mais biodiversos de Angola. O artigo foi publicado a 2 de Novembro na revista científica African Journal of Herpetology.

No sudoeste de Angola, encontra-se um dos locais mais prístinos do país, o inselberg da Serra da Neve, uma montanha no meio da planície que acolhe um micro-habitat específico completamente diferente das áreas circundantes na sua base.

Ao longo dos últimos cinco anos este sistema tem vindo a ser explorado e tem-se revelado um dos locais mais biodiversos de Angola.

Uma equipa de investigadores nacionais e internacionais – da qual fazem parte Luís Ceríaco (curador convidado da Colecção de Anfíbios e Répteis do MUHNAC), Mariana Marques e Diogo Parrinha (colaboradores do MUNHAC) – descobriu uma nova espécie de lagarto ápode (sem membros) do género Acontias. Até agora apenas tinham sido registadas três espécies deste género para Angola: A. occidentalis, A. kgalagadiand A. jappi.

No decorrer de um levantamento herpetológico da ilha-montanha da Serra da Neve no sudoeste de Angola, descobriu-se uma população de escincos-lança do género Acontias.

O holotipo foi colectado por Diogo Parrinha, Mariana Marques e Luís Ceríaco a 28 de Outubro de 2022. Foi encontrado debaixo de uma rocha granítica; os outros indivíduos recolhidos foram encontrados entre as folhas caídas no chão da floresta.

Pálpebras móveis e coloração distinta distinguiram a nova espécie das congéneres. Combinando os dados morfológicos com dados moleculares e biogeográficos os resultados indicaram que a população da Serra da Neve representava, de facto, uma nova espécie, tendo sido “baptizada” de Acontias mukwando. O nome foi escolhido em reconhecimento da tribo local que habita o inselberg, os Mukwando.

Os exemplares da nova espécie estão depositados na colecção de Anfíbios e Répteis do MUNHAC (Museu Nacional de História Natural e da Ciência).

A distribuição actualmente conhecida desta espécie indica que será endémica da Serra da Neve, uma área já assinalada como tendo interesse conservacionista pelas autoridades angolanas mas que ainda não foi formalmente designada como área protegida.

Este trabalho foi realizado em estreita colaboração com o Ministério do Ambiente de Angola. A expedição teve como financiador a National Geographic Society.

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