Com caução milionária: Juiz manda libertar todos os detidos e deixa cair crime de corrupção que levou à queda do governo português

Lacerda Machado com caução de 150 mil euros e Vítor Escária entrega o passaporte. O juiz de instrução considera que não está em causa o crime de corrupção

Os cinco detidos no âmbito da Operação Influencer vão sair em liberdade, depois de o juiz de instrução ter contrariado o pedido do Ministério Público, que queria prisão preventiva para Diogo Lacerda Machado e Vítor Escária.

Advogado, administrador de várias empresas e homem de confiança de António Costa, Diogo Lacerda Machado é a arma secreta do primeiro-ministro sempre que tem um imbróglio para resolver. (DR)

O arguido Diogo Lacerda Machado, advogado, consultor e amigo do primeiro-ministro, ficou sujeito a prestar uma caução de 150 mil euros no prazo de 15 dias e a não se ausentar para o estrangeiro, devendo entregar o respectivo passaporte à guarda do tribunal no prazo de 24 horas.

Vítor Escária, ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro, António Costa, ficou sujeito a não se ausentar para o estrangeiro, devendo entregar o respectivo passaporte à guarda do tribunal no prazo de 24 horas.

Economista, Vítor Escária entrou no gabinete do primeiro-ministro, António Costa, em 2015, como conselheiro económico. (DR)

O presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas, e os administradores Rui Oliveira Neves e Afonso Salema, ambos da empresa Start Campus, ficaram submetidos a Termo de Identidade e Residência (TIR), a medida de coação menos gravosa.

A empresa Start Campus, que é arguida no processo, ficou de prestar caução no valor de 600 mil euros no prazo de 15 dias.

O presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas, foi detido na sequência de buscas judiciais na autarquia. (Foto: CM Sines)

Segundo o comunicado do Tribunal Central de Instrução Criminal, o juiz Nuno Dias Costa considerou que Diogo Lacerda Machado e Vítor Escária estão “fortemente indiciados” em co-autoria e na forma consumada de um crime de tráfico de influência.

Por seu lado, entendeu que Afonso Salema e Rui Oliveira Neves estão indiciados em co-autoria de um crime de tráfico de influência e um crime de oferta indevida de vantagem.

Diogo Lacerda Machado, Vitor Escária, Nuno Mascarenhas, Afonso Salema e Rui de Oliveira Neves. (DR)

Em relação à empresa Start Campus, o juiz entendeu que esta se mostra “fortemente indiciada” de um crime de tráfico de influência e de um crime de oferta indevida de vantagem, cuja prática se concretizou através dos administradores Afonso Salema e Rui Oliveira Neves.

A nota enviada pelo tribunal não menciona a indiciação de qualquer crime ao presidente da Câmara Municipal de Sines.

Rui Oliveira Neves, sócio da Morais Leitão, foi um dos arguidos detidos na investigação que levou à demissão de António Costa. Esta não é a primeira vez que o advogado é implicado em casos judiciais. (DR)

O juiz não validou os crimes de prevaricação e de corrupção activa e passiva que estavam imputados a alguns arguidos.

Após o interrogatório dos arguidos pelo juiz, que durou quatro dias, o Ministério Público (MP) pediu a prisão preventiva para Vítor Escária e Diogo Lacerda Machado.

Para o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, o MP tinha pedido a suspensão de mandato, a proibição de contactos e de entrar nas instalações da autarquia.

Para o CEO da Start Campus Afonso Salema o MP tinha pedido a proibição de contactos e uma caução de 200 mil euros e para o também administrador da empresa Rui Oliveira Neves uma caução de 100 mil euros e igualmente proibição de contactos.

Gestor português Afonso Salema, Presidente executivo da Start Campus. (DR)

O primeiro-ministro, António Costa, que surgiu associado a este caso, foi alvo da abertura de um inquérito do MP junto do Supremo Tribunal de Justiça, situação que o levou a pedir a demissão, tendo o Presidente da República marcado eleições antecipadas para 10 de Março de 2024.

Esta investigação tornou-se pública com a operação realizada na passada terça-feira pelo MP, que envolveu mais de 40 buscas e levou à detenção de cinco pessoas.

No total, há nove arguidos no processo, incluindo o ministro das Infra-estruturas, João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o advogado, antigo secretário de Estado da Justiça e ex-porta-voz do PS João Tiago Silveira e a empresa Start Campus.

O processo está relacionado com a exploração de lítio em Montalegre e de Boticas (ambos distrito de Vila Real), com a produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, Setúbal, e com o projecto de construção de um centro de dados (Data Center) na zona industrial e Logística de Sines pela sociedade Start Campus.

Segundo o MP, estão em causa os crimes de prevaricação.

Fonte: CNN Portugal

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