Nos próximos três anos, cinco mulheres, entre elas, duas angolanas, vão conduzir projectos nas áreas do cancro, malária, doenças respiratórias e genética, no âmbito do concurso “We´Search – Apoio a projetos de investigação clínica nos PALOP”, uma parceria entre as fundações Gulbenkian e a “la Caixa”.
Os projectos foram seleccionados entre 75 candidaturas e focam-se num conjunto de doenças crónicas que afectam particularmente a população de Cabo Verde, Angola e Moçambique. Com um apoio no valor de 150.000€ e uma duração até três anos, cada projecto deverá contribuir para fortalecer as competências em investigação clínica nos centros de investigação, reforçando o conhecimento sobre o diagnóstico e o tratamento destas doenças.
Os dois projectos desenvolvidos em Angola serão conduzidos pelo Centro de Investigação em Saúde de Angola (CISA): um deles focado numa nova estratégia de tratamento contra a malária – uma das doenças com maior taxa de mortalidade em África – conduzido por Elsa Fortes Gabriel; e outro, pela mão de Joana Morais, Directora-Geral do Instituto Nacional de Investigação em Saúde (INIS) dedicado à monitorização e tratamento da Doença Falciforme em mulheres grávidas, com o objectivo de contribuir para a redução da mortalidade materna e infantil no país.

Em Cabo Verde, por seu turno, serão também apoiados dois projectos: um na área da oncologia, liderado pela investigadora Pamela Borges, que, através da melhoria de equipamentos e implementação de técnicas avançadas no recente Laboratório de Biologia Molecular do Hospital Universitário Agostinho Neto, vai permitir a realização de testes genéticos para apoiar e orientar as decisões terapêuticas, a selecção personalizada do tratamento e a monitorização em doentes cabo-verdianos com cancro; e outro, conduzido pela investigadora Isabel Araújo na Universidade de Cabo Verde, com o objectivo de reforçar o conhecimento, a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das doenças respiratórias (como a asma ou a rinite alérgica) nas crianças cabo-verdianas.
Por último, mas não menos importante, em Moçambique, uma investigação liderada pela cientista Carla Carrilho, na Universidade Eduardo Mondlane, vai procurar métodos alternativos de diagnóstico e tratamento do cancro da mama em locais com poucos recursos, através do teste com o sistema GeneXpert, amplamente mais acessível nos hospitais africanos.
A Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação “la Caixa” têm vindo a colaborar, desde 2015, na área da investigação em saúde nos PALOP. Em finais de 2022, assinaram um protocolo de colaboração com o propósito de desenvolver um programa que incentive a comunidade científica dos países a realizar projectos de investigação que contribuam para a melhoria da prestação dos cuidados de saúde. Foi assim que nasceu o programa We’Search, um concurso para reforçar instituições científicas e projectos de investigação clínica nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
Esta iniciativa representa um compromisso total no valor de 750.000€ para as duas fundações.
Sobre a Fundação Calouste Gulbenkian
A Fundação Gulbenkian quer contribuir para um mundo mais equitativo através da educação, da ciência e da arte nos PALOP. A sua intervenção neste domínio, sob a alçada do programa Parcerias com África, foca-se actualmente em três áreas principais: a educação em STEM (ciências, tecnologia, engenharia e matemática), a investigação em Ciências da Saúde e o apoio à internacionalização de artistas.
Sobre a Fundação “la Caixa”
A Fundação “la Caixa” é uma organização sem fins lucrativos de direito espanhol, que tem como objectivo, entre outros, contribuir para o progresso das pessoas e das sociedades, dedicando especial importância aos grupos mais vulneráveis através do estabelecimento de programas, alianças ou colaboradores em diversas áreas, nomeadamente na cultura, na acção social, na cooperação internacional, na protecção do meio ambiente e nas ciências, entre outras.