O líder do grupo parlamentar da UNITA, maior partido da oposição, afirmou que o direito de réplica política está previsto na Constituição, e o momento para o fazer é escolha dos actores políticos, respondendo desta forma ao recado deixado pelo Presidente da República no final do seu discurso sobre o estado da Nação, na abertura do ano legislativo 2023-2024.
Por: Diniz Kapapelo
O Chefe de Estado considerou ilegítima qualquer tentativa de alguém fazer o mesmo exercício: “Quaisquer tentativas de alguém fazer o seu discurso sobre o Estado da Nação será um exercício ilegítimo de usurpação das competências que a Constituição confere apenas e exclusivamente ao chefe de Estado, que é uma entidade singular”, declarou.
No final do discurso, os deputados da UNITA levantaram-se e protestaram contra João Lourenço, gritando “ditador”, enquanto o Presidente se retirava acenando adeus.
Do lado do MPLA, a maior bancada parlamentar, houve palmas efusivas em alguns momentos da alocução e gritos de apoio ao chefe do executivo, que é também líder do partido, sob a forma de “Lourenço amigo, o povo está contigo”, para abafar os protestos da UNITA.
Para o líder do grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), “foi muita pena que o Presidente da República tenha demonstrado que não conhece a Constituição da República de Angola”.
“A Constituição da República de Angola é clara, assiste à oposição o direito da réplica política. O momento para a escolha de fazer a réplica política depende dos actores políticos. Portanto, foi uma distração do Presidente da República”, realçou, garantindo que “obviamente” vai haver réplica do líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, quer o Presidente João Lourenço queira, quer não.
Importa referir que Adalberto Costa Junior, saiu da Assembleia Nacional antes do final do discurso, ia apresentar a sua visão sobre o estado da Nação, na passada sexta-feira, mas a conferência de imprensa foi adiada pela UNITA, depois da Assembleia Nacional ter convocado a Comissão Permanente para analisar a proposta de destituição do Presidente da República entregue pelo partido do “Galo Negro”.