Gaza: Evacuação prolongada, médicos no terreno alertam para a impossibilidade de deslocamento

Israel decidiu voltar a prolongar o prazo para a evacuação da zona norte da Faixa de Gaza, sem contudo estabelecer uma nova data. Um porta-voz das forças armadas israelitas referiu que esta decisão foi tomada para dar mais tempo às muitas pessoas que ainda não conseguiram ainda abandonar a região.

Apesar de não ter estabelecido oficialmente um novo prazo, Israel anunciou a abertura de um corredor de evacuação para o sul da Faixa de Gaza, que vigora até às 14 horas de Paris, numa altura em que o exército israelita acusa o braço armado do Hamas de impedir “que os civis saiam” e acusou o grupo de “desvalorizar a vida humana”.

Mais de 1.1 milhão de pessoas serão obrigadas a deixar as suas casas e rumar a sul. Dezenas de milhares já o fizeram, desde sexta-feira, numa altura em que se teme uma possível escalada do conflito.

No entanto, em Gaza, os médicos alertaram hoje que milhares de pessoas podem morrer se os hospitais, lotados com feridos, ficarem sem combustível e sem produtos essenciais.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 40 hospitais e centros de saúde foram já destruídos em bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza e o deslocamento de pacientes permanece impossível. Em entrevista à RFI, Tarik Jasarevic, porta-voz da OMS, mostrou-se preocupado:

“Há pacientes que estão nos corredores e até pacientes que estão nas ruas adjacentes. Pedir a evacuação dessas pessoas seria, para muitos deles, a pena capital. Há recém-nascidos nas incubadoras, há pessoas que estão ligadas a dispositivos de função vital, então obviamente pedir a sua evacuação…não se faz. É por isso que pedimos que essa ordem seja revogada. Até na zona sul de Gaza os hospitais trabalham além de suas capacidades. O material sanitário desaparece rapidamente. E as reservas de petróleo, para fazer funcionar os geradores, vão esgotar dentro de poucos dias.”

As forças israelitas parecem estar a preparar-se para uma grande ofensiva terrestre, com a mobilização de tropas e equipamento militar na fronteira com Gaza. Um porta-voz do exército israelita disse, contudo, que este avanço não iria acontecer este domingo por “razões humanitárias”.

Milhares de soldados de infantaria e centenas de blindados israelitas concentraram-se este domingo 15 de Outubro nos arredores de Gaza, apesar de se desconhecerem ainda os detalhes da esperada invasão terrestre do enclave. Um comandante israelita no terreno, mostrou-se “pronto e motivado” a “destruir” o Hamas, em declarações à Agência Lusa:

“A nossa missão é trazer o nosso país de volta para nós. (…) Queremos nos defender, temos o direito de o fazer. Agora queremos atingir o Hamas e destruí-lo completamente até termos o nosso paí com o nosso povo de volta, com amor e paz. Não queremos guerra, mas se for preciso, faremos a guerra. Estamos preparados, motivados e com força. Temos armas e tudo o que precisamos, faremos todo o necessário, não importa quanto tempo for preciso. Vamos destruir o Hamas.”

Entretanto, o exército israelita anunciou, esta manhã, ter fechado o acesso dos civis à zona fronteiriça com o Líbano, depois do exército israelita e as milícias do Hezbollah se terem envolvido em novos confrontos.

Washington vai repatriar os seus cidadãos
Também este domingo, os Estados Unidos da América, anunciaram que vão retirar por mar os seus cidadãos que permanecem em Israel. O navio deverá sair de Haifa, no norte de Israel, já esta segunda-feira, com destino ao Chipre.

O anúncio acontece depois de ontem à noite Washington ter confirmado o envio de um segundo porta-aviões para o Mediterrâneo Oriental para “demover acões hostis contra Israel”, segundo Lloyd Austin, secretário da Defesa. Os Estados Unidos também vão destacar caças para a região.

Entretanto, representantes dos Estados Unidos da América estiveram a falar também com responsáveis chineses para tentar evitar o alargamento do conflito aos países vizinhos, pedindo que Pequim use a sua influência para evitar um alastramento do conflito a nível regional.

De salientar que o número de vítimas não pára de aumentar, na sequência desta guerra travada entre Israel e o grupo Hamas. Há já registo de um total de mais de 2.300 mortos do lado palestiniano e 1.400 do lado israelita, de acordo com responsáveis israelitas e palestinianos.

Comissão Europeia triplica ajuda dirigida à Faixa de Gaza

A Comissão Europeia vai triplicar a ajuda humanitária dirigida à Faixa de Gaza para um total de mais de 75 milhões de euros. A informação foi avançada em comunicado por Ursula Von der Leyen.

“A Comissão aumentará imediatamente o montante atual da ajuda humanitária planeada para Gaza, em 50 milhões de euros. Isto elevará o total para mais de 75 milhões de euros”, disse a representante, depois de uma conversa com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

Ministra dos Negócios Estrangeiros francesa em Israel

A ministra dos Negócios Estrangeiros francesa, Catherine Colonna, está em Telavive para acompanhar os últimos desenvolvimentos do conflito. A representante da diplomacia francesa esteve, esta manhã num hospital e, na tarde deste domingo, deverá encontrar-se com cidadãos franceses que têm familiares desaparecidos.

Um novo balanço do Ministério dos Negócios Estrangeiros dá conta de que 17 franceses já perderam a vida e 15 continuam desaparecidos.

Fonte: RFI

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