Em primeiro lugar, e para seguir o roteiro que ele [Presidente da República] já tem seguido nestes anos todos, já vai agora no sexto exercício, salvo erro, penso que vai, primeiro, fazer uma radiografia daquilo que o Executivo fez ao longo dos últimos doze meses, depois vai passar para as perspectivas.
Por: Celso Malavoloneke*
O contexto actual é, quiçá, dos mais difíceis que ele teve nos agora seis anos de mandato. Eu acredito que o Presidente vai, também, fazer uma radiografia deste contexto, um contexto internacional muito difícil, com a guerra Rússia/Ucrânia. Depois, os vários golpes de Estado nos países vizinhos, do conflito no Leste da RDC, tudo isto, e agora este reacender da guerra israelo-palestiniana.
Portanto, tudo isso faz um contexto internacional muito difícil, com um impacto negativo muito grande na economia do País. Aliás, em todos os países, principalmente numa economia como a nossa, dependente quase exclusivamente do petróleo. Portanto, eu acredito que ele vai fazer esta radiografia, vai, digamos assim, explicar o impacto que isto tem tido e vai ter na economia do País e nas condições de vida das pessoas.
Mas, a minha expectativa é que ele vai traçar caminho e linhas sobre como é que ele pensa em conduzir o País, de forma a sair da difícil situação que se encontra.
Também, a nível interno, temos os nossos temas: Temos o tema do combate à corrupção, que continua actual, principalmente o tema do grande custo dos bens da cesta básica; depois também temos o problema de que quase dois terços da população estão ainda abaixo da linha de pobreza.
Portanto, é uma situação socioeconómica dificílima. A minha expectativa é que o Presidente trace caminhos, explique como é que ele pensa conduzir o País a sair desta situação muito difícil, resultante de uma conjugação dos factores externos e internos que elenquei.
Eu também espero que o presidente seja capaz de insuflar o sentimento de esperança e de motivação colectiva, de forma a mobilizar as forças vivas da sociedade para cada um prestar o seu esforço, que não pode ser só do Presidente, mas de todos, claro, liderado por ele. Essa é a minha expectativa.
As minhas fontes dizem que o essencial, o principal do discurso sobre o Estado da Nação, vai estar mais virado para essas linhas programáticas, por um lado, uma radiografia da conjugação dos factores internos e externos que contribuem para essa situação socioeconómica que toda a gente concorda, que é bastante difícil, e depois uma incursão ou adiantamento das linhas que o próprio Presidente prevê ou tem em carteira para conduzir o País para, digamos assim, águas mais calmas e portos mais seguros.
O assunto das autarquias é incontornável, porque ele, neste momento, se consubstancia neste impasse em que… . Já houve um tempo que faltava apenas uma lei para o pacote ser aprovado, depois não foi.
Mas o MPLA continua comprometido com as autarquias, reiterou este compromisso durante a campanha eleitoral, e este compromisso permanece presente no discurso oficial, tanto do partido como do Governo. Eu acredito que o Presidente vai tocar neste tema, provavelmente vá explicar as razões pelas quais elas ainda não aconteceram e quais são as perspectivas que existem neste quesito.
Nos últimos dois, para não dizer três discursos sobre Estado da Nação, o Presidente não falou nada sobre a comunicação social e as questões ligadas à liberdade de expressão e de imprensa, e eu acredito que este ano não será excepção.
Eu acredito que o Presidente não fará menção a isso, e se fizer será muito a de ler. O que tem a ver com o facto de que, não existindo um departamento ministerial responsável pela comunicação social, estando ela acoplada a um outro departamento ministerial, e não sendo os seus gestores seniores profissionais da comunicação, dificilmente a voz dos profissionais da comunicação chega ao epicentro do Governo e da governação. E eu acho que este ano não será excepção.
*Comunicólogo e Professor Universitário”