Joe Biden junta-se à greve dos trabalhadores do sector automóvel

Joe Biden tornou-se na semana passada, terça-feira, 26 de Setembro, no primeiro presidente dos Estados Unidos em exercício a aderir a uma greve, ao juntar-se aos trabalhadores do setor automóvel nos subúrbios de Detroit, no momento em que entraram na segunda semana de uma paralisação como forma de lutar por salários mais altos, semana de trabalho mais curta e outras mudanças das três principais fábricas de carros do país.

“Pessoal, continuem, porque vocês merecem o aumento significativo de que precisam e outros benefícios”, disse Biden durante a sua breve visita aos trabalhadores de megafone em punho.

“Vamos recuperar o que perdemos, ok? Nós nos aproximamos deles. Agora é hora de eles se aproximarem de nós”, acrescentou o Presidente.

Os trabalhadores defendem um aumento salarial de 40, uma semana de trabalho de 32 horas e outros benefícios.

Eles justificam ossprotestos com o enorme aumento dos lucros das empresas do setor.

Nesta terça-feira, eles gritavam: “O que queremos? Contratos! Quando nós os queremos? Agora!”

Joe Biden teve o cuidado de não dizer publicamente que reivindicações específicas ele apoia, mas apenas quis manifestar o seu apoio à luta dos trabalhadores.

Entretanto, questionado por repórteres se ele acreditava que os trabalhadores deveriam receber um aumento de 40 por cento ele disse: “Sim. Acho que eles deveriam ser capazes de negociar isso”.

O presidente do poderoso sindicato United Auto Workers – que apoiou a candidatura presidencial de Biden em 2020, mas ainda não fez o mesmo em sua candidatura para 2024 – agradeceu a visita.

“Obrigado, senhor Presidente, por ter vindo. Obrigado por ter vindo nos apoiar neste momento decisivo da nossa geração. E sabemos que o Presidente fará o que é certo pela classe trabalhadora. E quando fizermos o certo pela classe trabalhadora, você pode deixar o resto conosco porque nós vamos cuidar desse negócio”, afirmou o presidente do UAW, Shawn Fain, sob aplausos dos trabalhadores.

Mais do que uma greve por aumento salarial

A General Motors, a maior das três grandes fábricas alvo da greve, evitou fazer qualquer comentário à visita de Biden, mas emitiu um comunicado em que disse que “o foco não está na política, mas continua a ser a negociação de boa fé com a liderança do UAW para chegar a um acordo o mais rápido possível”.

O sindicato afirma ter mais de 400 mil membros.

Numa marcha na semana passada, um trabalhador disse que esta greve envolve muito mais do que um aumento, mas que “trata-se de como os americanos pensam sobre o trabalho e a remuneração empresarial”.

“Quero que os níveis salariais sejam equilibrados”, disse Yolanda Downs, membro do UAW.

“Quero que todos tenham uma boa vida e uma vida justa. Se estou a trabalhar num lado da linha e ganho 30 dólares (por hora) e a pessoa à minha frente ganha 15 dólares por hora, isso é justo?”, perguntou.

Em causa, sindicato e trabalhadores apontam os elevadíssimos lucros das fábricas bem os enormes aumentos salariais dos seus dirigentes, enquanto os trabalhadores continuam com salários baixíssimos e deficientes condições de trabalho.

O peso da visita de Biden

Na sua visita, Joe Biden deu a entender que as “estão indo incrivelmente bem”.

“Você também deveria estar incrivelmente bem. É uma proposta simples”, sublinhou o Presidente.

Susan Kang, professora associada de Ciência Política no John Jay College of Criminal Justice, disse que a decisão de Biden de apoiar os trabalhadores é significativa.

Questionada se ele poderá fazer pender a balança das negociações, Kang respondeu que “provavelmente não”.

“Há muita coisa a acontecer nos detalhes das negociações, mas ele pode conseguir o apoio político. Já temos um apoio esmagador do público à greve. E penso que isto irá legitimar ainda mais a posição dos trabalhadores em greve”, sublinhou aquela académica.

Donald Trump também vai a uma fábrica

O principal candidato presidencial republicano Donald Trump deve visitar nesta quarta-feira, 27, uma fábrica, cujos trabalhadores não pertencem a nenhum sindicato, em vez de participar dno segundo debate entre os pré-candidatos do seu partido.

“Isso nada mais é do que um golpe de relações públicas do crooked Joe Biden para distrair o povo americano das suas desastrosas políticas de Bidenomics que levaram a tanta miséria económica em todo o país”, disse Trump.

A Casa Branca refuta as acusações e lembra que desde que Biden assumiu o cargo, “a economia dos EUA criou 235.000 empregos no setor automóvel, mais de quatro vezes mais empregos no setor por mês (e mais de cinco vezes mais empregos na indústria automobilística por mês) do que no ano anterior”.

A Heritage Foundation, um think tank conservador com vários antigos funcionários da administração Trump na sua equipa, argumenta que as exigências dos trabalhadores são exorbitantes.

“Estas exigências são insustentáveis na economia globalmente competitiva de 2023”, escreveu Rachel Greszler, que investiga temas económicos.

Ela acrescentou que se as empresas em causa – General Motors, Stellantis (anteriormente Fiat Chrysler) e Ford Motor Company – capitularem, “isso simplesmente significará que mais fábricas serão fechadas nos EUA e menos empregos haverá para os membros do UAW”.

A bordo do avião em que Joe Biden seguia para o Estado de Michigam, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse aos jornalistasque o Presidente “está a lutar para garantir que os carros do futuro sejam construídos na América por trabalhadores americanos sindicalizados, com empregos bem remunerados, em vez de serem construídos na China”.

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