Segundo os dados mais recentes divulgados pelas autoridades portuguesas, há quase 200 angolanos e cabo-verdianos que não se apresentaram nas dioceses onde eram esperados em Portugal para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ 2023). Pelo menos cinco peregrinos angolanos já avisaram que não querem voltar ao seu país.
Pelo menos 168 cabo-verdianos e 27 angolanos não se apresentaram junto das suas delegações para participar na Jornada Mundial da Juventude que decorre até Domingo, em Lisboa. As autoridades portuguesas estão a tentar identificar estas pessoas, com a mais jovem a ter 19 anos, e lembram que todos estão em situação regular já que beneficiam de um visto de três meses em Portugal e noutros países da Zona Schengen.
“Há uma primeira fase de identificação das pessoas, depois avaliação face à informação que nós temos, quais são os passos para localizar os jovens. As pessoas têm um período autorizado, após essa fase, entrarão numa situação irregular e aí ficam sujeitos à lei […] Têm permanência autorizada, apenas não sabemos onde elas estão”, explicou a representante do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras numa conferência de imprensa aos jornalistas, em Lisboa.
Para além destes peregrinos que não se apresentaram, muitos deles em Leiria e outros em Porto de Mós, há pelo menos cinco cidadãos angolanos que já manifestaram às autoridades portuguesas a vontade de permanecer em Portugal. Caso estes cidadãos provem que estão ameaçados no seu país de origem, podem pedir o estatuto de refugiado em Portugal ou noutro país da Zona Schengen.
O perigo da imigração ilegal é algo para o qual muitas dioceses de países oficiais de língua portuguesa têm vindo a alertar. Frei Gilson, que lidera a delegação de quase 700 pessoas vindas de São Tomé e Príncipe, explicou em entrevista à RFI que é difícil fazer esse controlo, mesmo se a vigilância foi reforçada e houve várias formações antes de partir.
“Tivemos o cuidado de usar alguns critérios, até para dificultar aqueles que, porventura, possam vir com a ideia de ficar. Nós tentamos fazer, mas isso não se pode ter a certeza se vão regressar ou não porque não sabemos o que vai na cabeça de cada um. Nós fizemos a nossa parte, tivemos seis meses de formação na nossa diocese, para mostrar às pessoas a necessidade de vir e de voltar“, explicou.
Fonte: RFI África