O Bureau Político do MPLA orientou esta quinta-feira, 20, o seu Grupo Parlamentar, a tomar todas as providências para que o Parlamento angolano “não venha a ser instrumentalizado para a concretização de desígnios assentes numa clara agenda subversiva, imatura e de total irresponsabilidade política”, em resposta ao anúncio da pretensão da UNITA de dar início a um processo de acusação e “Impeachment” (destituição) do Presidente da República, João Lourenço.
O MPLA, partido que governa Angola desde 1975, prestes a completar 48 anos de governação, acusou a UNITA, maior partido na oposição, de tentar criar “um quadro político que justifique a sublevação popular” e a sua ascensão ao poder, “sem a necessária legitimação democrática”.
Segundo o MPLA, “a estratégia de criação de um clima de instabilidade institucional, há muito denunciada, tem vindo a ser aplicada com recurso permanente ao descrédito das instituições do Estado e à tentativa de criar um quadro político que justifique a sublevação popular e a ascensão da UNITA ao exercício do poder, sem a necessária legitimação democrática”.
“Depois de o povo angolano ter cumprido com o seu poder soberano e escolhido, livremente, quem deve exercer o poder político em Angola, dando uma vez mais, o seu voto de confiança ao MPLA e ao Presidente João Lourenço, a UNITA sentiu, de forma profunda, o facto da sua oportunidade de ser poder ter sido adiada por mais cinco anos e não hesitou em criar um conjunto de suspeitas, para alicerçar o argumento da ilegitimidade da vitoria, para propósito único de impedir o livre exercício do poder pelo MPLA”, diz o documento.
Esta posição do órgão máximo do partido no poder em Angola consta de uma declaração política, na sequência da conferência de imprensa apresentada pela UNITA cujo pano de fundo estão os fundamentos para o pedido de destituição do Chefe de Estado.
“Face à realidade constatada, à gravidade das acusações e dos actos que têm vindo a ser protagonizados, de forma irresponsável, pela UNITA contra o Presidente da República, o Bureau Político orienta o seu Grupo Parlamentar a tomar medidas providenciais para que o Parlamento angolano não venha a ser instrumentalizado para a concretização de desígnios assentes numa clara agenda subversiva, imatura e de total irresponsabilidade política”, lê-se no comunicado do Bureau Político do MPLA.
No documento, o Bureau Político do MPLA apela aos cidadãos angolanos que mantenham a “serenidade, a coesão e o respeito pela diferença”, mas exorta os seus militantes, amigos e simpatizantes a manter “um alto sentido de vigilância” e a “cerrar fileiras em torno da firme liderança do Presidente João Lourenço”.
De acordo com a declaração, a UNITA nunca teve a coragem de assumir que o MPLA saiu vitorioso em 143 municípios dos 164 do País e que, em 10 províncias, o MPLA venceu em todos os municípios, nomeadamente, Bié, Huambo, Huila, Namibe, Cunene, Moxico, Lunda Sul, Kuanza Norte, Kuando Kubango e Malanje.
“O povo angolano, conhecedor do passado recente da actual estratégia da UNITA, jamais se disponibilizará para a criação de situações que perturbem a paz social, harmonia e a estabilidade conquistadas e que nos permitam conviver na diferença e na diversidade”, diz o documento.
Esta acção protagonizada no sentido de destituir o Presidente da República, “sem factos” que encontrem fundamento e respaldo na Constituição, segundo MPLA, “só é possível ser criada por uma organização política que consciente da sua notória e cada vez mais evidente incapacidade de conviver numa sociedade democrática e pluralista, não hesita em provocar um ambiente institucional contrário ao que o MPLA, através do seu Grupo Parlamentar, proclamou ainda há poucos dias, no sentido de um maior diálogo e inclusão no debate político”.
“Convém esclarecer o povo angolano que a própria direcção da UNITA que saudou a iniciativa de diálogo apresentada pelo Grupo Parlamentar do MPLA e que, em face disso apresentou uma proposta de agenda de diálogo, vem, com o seu pronunciamento, acabado de tornar público, demostrar uma total ausência de seriedade, de sentido de Estado e de disponibilidade para sã e harmoniosa conivência institucional”, sublinha o documento.
Em conclusão, o Bureau Político do MPLA diz que “com esse comportamento, irresponsável e anti-democrático, a UNITA indicia que pretende assumir uma atitude de ruptura com o diálogo institucional, sobretudo em sede da Assembleia Nacional.