A população que recorre aos mercados da capital do País, já não sabe quanto deverão levar nas suas carteiras para comprar os produtos que compõem a cesta básica para as famílias angolanas.
Por: Sérgio Figueredo
Numa ronda efectuada na cidade de Luanda, os cidadãos reclamaram a subida dos preços dos principais produtos da cesta básica, contrariando os preços divulgados pela Televisão Pública de Angola (TPA), diariamente, fornecidos pela Reserva Estratégica Alimentar (REA) criada pelo Executivo angolano para evitar a especulação de preços.
“Não sabemos se o aumento do preço dos principais produtos e mais comsumidos pelos angolanos se deve, de facto, pela subida do preço da gasolina ou pela falta de comida em Angola. O certo mesmo é que o País parece estar a atravessar uma crise inflacionista, nos principais mercados de abastecimento da população os preços sobem diariamente”, denunciaram alguns consumidores e até mesmo comerciantes ouvidos à respeito.
Segundo a denúncia, o que está a ocorrer em Luanda é uma prática antiga que há muitos anos já não se via. “Os vendedores a mudarem as etiquetas de preços dos produtos duas vezes por dia, em poucas horas”, por este facto deixam um repto a quem de direito: “Parem de mexer nos preços dos alimentos se não vamos morrer”, dizem, lamentando profundamente a actual situação que o País está a viver. “Pedimos mesmo a quem nos governa a ter mais compaixão para com os angolanos. Nem já no tempo do Presidente José Eduardo dos Santos era assim”, apelaram.
Nos mercados dos Congoleses, Estalagem, BCA, locais onde o ECOS DO HENDA passou, foi possível observar o aumento dos preços dos alimentos. Vendedores e consumidores são unânimes em afirmar que a subida drástica ocorreu, sobretudo desde que o governo angolano anunciou a subida do preço da gasolina.
Redução da quantidade para evitar o aumento do preço
Este Portal verificou ainda uma inovação entre os vendedores, que para tentarem manter os clientes, em vez de aumentarem o preço, reduzem a quantidade do produto que, na prática, resultaria em aumento do preço.
Essa situação foi verificada, por exemplo, no mercado da Estalagem onde a quantidade das verduras é reduzida pela metade mantendo o preço habitual.
Outro exemplo encontrado foi a venda de três coxas de frango ao preço de 1000kz e uma porção de frango de 1kg a sair a 2500kz. A galinha rija, por sua vez está a custar 1500kz, enquanto quatro peixes carapaus estão a ser comercializados ao preço de 1000kz. Uma porção de mortadela custa agora 1400kz, sendo que o arroz, a massa alimentar e o óleo vegetal, são os produtos da cesta básica que cujos preços registaram um aumento abismal nos mercados.
O Saco de arroz de 25kg que era comercializado entre 7500 á 8500kz está a ser vendido agora ao preço de 12.500 ou 13.500kz. A massa alimentar que antes estava a 3.300kz passou agora a 4000kz, o saco de feijão que custava 16.0000kz, está custar agora 18.500kz. Já o bidão de óleo de 20 litros está a custar 17.800 á 18.000kz, mas antes custava 14.000kz.
Lemba Freitas, contou que as coisas estão muito caras e não estão a ter lucros nas suas vendas.
Antes, segundo a comerciante de frescos de 35 anos de idade, antes gastava menos, mas hoje “gasto mais e não estou a ver lucros, porque apesar da subida das coisas os nossos preços continuam a ser os mesmos para os clientes não fugirem”, sublinhou.
Já Fabiana Simão João pede um favor ao governo angolano: “por favor, dirigentes do nosso País, olhem para o povo! Nós somos zungueiras, temos filhos para sustentar e escola para pagar. Com esses preços será muito difícil gerir a vida”, garantiu, num pedido corroborado também pelos próprios consumidores que também se manifestaram entristecidos com a situação vigente.
Edvania da Conceição, dona de casa, conta que por serem apenas três pessoas em casa antes gastava apenas 20 mil kz em compras de frescos, mas esse mês gastou 40 mil kz, o dobro do que gastava antes.
Josilene Baptista, por sua vez, disse que as pessoas de baixa renda estão a ter bastante dificuldade em colocar alimentação em casa, pelo facto de existir indivíduos que não têm sequer 100kz.
“Com que dinheiro é que eles vão comprar uma caixa de coxa que já estava a custar 11 ou 12 mil kz, mas que agora está a beira de chegar aos 20 mil kz?”, intorroga-se a cidadã visivelmente consternada com aqueles que sofrem.
Esta situação de generalizada subida dos preços dos produtos alimentares, coincide com uma acentuação perda do valor da moeda nacional, o Kwanza, que actualmente, é a moeda com menos peso a nível das moedas africanas.