Tal como aconteceu nas eleições gerais de 2022, entre os políticos Bento Bento, pelo MPLA e Manuel da Costa Ekuikui, pela UNITA, Luanda se prepara para ter uma disputa renhida nas eleições gerais de 2017, entre Manuel Gomes da Conceição Homem pelo partido dos ‘Camaradas’ e que governa Angola desde 1975 bem como Adriano Sapiñala, pelo partido dos ‘Maninhos’ que acumula cinco segundos lugares, consecutivos (1992, 2002, 2012, 2017, 2022) nos pleitos eleitorais em Angola.
Por: Diniz Kapapelo
Manuel Gomes da Conceição Homem, nascido na província de Cabinda em 24 de Novembro 1979, é desde Setembro de 2022, o Governador Provincial de Luanda e o 1º Secretário Provincial do MPLA na capital do País, ao passo que, Adriano Sapiñala foi empossado, recentemente, como novo secretário da UNITA da província de Luanda, em substituição de Nelito Ekuikui, eleito secretário-Geral da JURA, no V Congresso Ordinário da Organização Juvenil da UNITA.
Embora no pleito de 2022, a UNITA tenha vencido as eleições em Luanda, com 62,25 % dos votos e conseguido três deputados contra 33,62 % dos votos do MPLA que teve apenas dois deputados, num universo de 1.999.222 (um milhão, novecentos e noventa e nove mil e duzentos e vinte e dois) votantes, fica claramente visível que Nelito Ekuikui cilindrou Bento Bento, considerado intramuros um “animal político” em função da sua veia mobilizadora de massas.
Voltando ao pleito de 2027, a entrada em cena de Manuel Homem e Adriano Sapiñala, enquanto secretários provinciais dos principais partidos de Angola, poderão protagonizar mais uma “luta renhida” pela conquista de votos na capital do País, ficando sem resposta quem levará a melhor.
Tudo porque, do lado do partido no poder, Manuel Homem tem dado mostras de ser um mobilizador da juventude, girando bairros antes tido como impenetráveis para os seus adversários e, até mesmo, para os seus Camaradas. Isso ficou demonstrado na sua digressão ao bairro Paraíso, em Cacuaco, e Rasta, no Kilamba Kiaxi, considerados ‘bastiões’ da UNITA em função dos resultados negativos para o MPLA nestas zonas, bem como a interacção que tem tido com a juventude, nos mais variados fora (fóruns) nas redes sociais.
Neste quesito, Manuel Homem, afigura-se o homem certo no lugar certo para voltar a dar aos Camaradas a alegria de vencer em Luanda e deixar o MPLA orgulhoso de si mesmo. E parece que o ‘homem’ sabe que, para lograr pontos contra Sapiñala só precisa de fazer bem o seu trabalho e seguir a orientação do fundador da Nação, Dr. António Agostinho Neto, primeiro Presidente de Angola: “Resolver os problemas do povo” e isso, parece estar a conseguir fazer, até prova em contrário, cujo trabalho deve ser devidamente coordenado com os administradores municipais, alguns deles, um pouco lentos e mais preocupados com o que não é prioridade para o povo.
Para Adriano Sapiñala, que encontra um terreno fértil, depois da passagem de Nelito Ekuikui, que levou a melhor, espera-se que faça mais do que o seu ‘Maninho’ e aumente os números das eleições anteriores, o que pode ser considerado um pouco difícil, na medida em que, Luanda enquanto maior praça eleitoral do País, os seus habitantes andam divididos quanto a inclinação partidária, ficando muitas vezes no muro, a espera de quem venha apresentar soluções concretas para a resolução dos seus problemas.
Aliás, os números das eleições passadas não dão muita confiança numa vitória de Adriano Sapiñala pelo facto de, naquela altura, ter sido secretário provincial da UNITA em Benguela onde o MPLA, com o empresário Manuel Nunes, trucidou com expressivos 54,52 % de votos e conseguiu três deputados ao passo que o também considerado ‘Biturbo’ do partido do Galo Negro ficou a ver navios com os seus 42,17 % de votos e dois deputados.
Todavia, sem fazer juízo de valores de ambos os secretários provinciais do MPLA e da UNITA em Luanda, tudo está em aberto para que um deles, pelo menos aquele que trabalhar mais e falar menos, ou o contrário também pode ser válido, dependendo das circunstâncias ou ocasiões, poderá levar os eleitores a escolherem entre o partido no poder ou o maior partido na oposição nas eleições gerais de 2027.
Ficha biográfica de Manuel Homem
Manuel Homem frequentou o ensino básico no município de Cacongo, Cabinda e o ensino Médio no Instituto Médio Normal de Educação “Garcia Neto” em Luanda na especialidade de BioQuímica. Completou o curso de Engenharia Informática de Sistemas no Instituto Superior Privado de Angola – UPRA depois tirou o mestrado em Sistemas Informáticos e formação em Gestão de Projectos. Foi Director Geral do Instituto Nacional de Fomento da Sociedade da Informação – INFOSI. Foi Secretário de Estado para as Tecnologias de Informação.
Em Março de 2020, assumiu as funções de Ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social.
Desde Setembro de 2022, assumiu as funções de Governador Provincial de Luanda.
Percurso político de Manuel Homem
Em 1996, ingressou na JMPLA – Organização Juvenil do MPLA tendo sido entre 2009 e 2014, Membro do Comité Nacional da JMPLA. Com a realização do VII Congresso Extraordinário em 2020, foi eleito Membro do Comité Central e Membro do Bureau Político do MPLA.
Em 2022, foi eleito 1º Secretário Provincial do Partido em Luanda.
Percurso político de Adriano Sapiñala
Adriano Abel Sapiñala “Didi Chiwale”, nasceu em 1977, no Kuito-Bié, faz parte da elite de jovens quadros em ascensão na alta estrutura da UNITA, com a qual o partido prepara a chamada “transição geracional”. Formado em direito pela Universidade Óscar Ribas, tem a reputação de ser um mobilizar nato. Antes de Benguela, trabalhou como secretário provincial no Cuando Cubango.
O seu tempo de militância da UNITA funde-se com o período da sua adolescência. Quando criança (aos 12 anos) pertenceu à Alvorada (organização dos pioneiros da UNITA) integrando um grupo coral afecto ao “Bate-Mocho”, a guarda Presidencial de Jonas Savimbi. Porém, seria na fase adulta que se tornou membro do União Revolucionária dos Estudantes de Angola Livre – UREAL., uma estrutura que serviu de agitação no escândalo Tito Chingunji.
Adriano Sapiñala foi militar e em 2002 desmobilizou-se como capitão. Na verdade, contava 22 anos quando entrou para as FALA depois de descoberto por Lukamba Gato que identificou nele predicados a explorar. Recebeu treinos militares num campo da então Brigada “Ben Ben”, na montanha do Município do Chinguar, Província do Bié. Logo a seguir fez o curso de Inter-Armas e o curso de Comandante Militar. Destacou-se como um dos melhores alunos e no final dos treinos foi destacado como Comandante de uma Companhia de Infantaria Motorizada da Brigada “Ben Ben”.
No início de 2000, quando Jonas Savimbi decidiu reestruturar o Estado Maior General das FALA, Adriano Sapinãla foi transferido para os Serviços de Inteligência Militar sob o Comando do Brigadeiro Machado. A sua missão como quadro de inteligência era fiscalizar/controlar a Região Militar Centro e os seus respectivos actores militares. Foi também o oficial de ligação entre as brigadas militares com o Alto Estado Maior General das FALA.
Pelas mãos de Isaías Samaukva, já em período de paz, foi o responsável pela pasta da Segurança Pública, Prevenção e Combate à Criminalidade, e ao mesmo tempo membro do Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA. Operava no gabinete de Samakuva.
Internamente é considerado um trabalhador incansável, humilde, metódico, inteligente e perspicaz.