Crianças compradas a mil euros e forçadas a mendigar em Portugal

Há redes internacionais a comprar crianças por valores entre os mil e os dois mil euros para, em seguida, as forçar a angariar um mínimo de 30 euros diários com a mendicidade. Mas também há portugueses a aproveitarem-se das debilidades de quem padece de doenças mentais e físicas para viver à custa de quem passa os dias a pedir à porta de igrejas e supermercados. Num e noutro caso, há uma certeza: quanto maior a degradação da vítima maior é o lucro.

Ao JN, o inspector-chefe da PJ que lidera a brigada da Directoria do Porto que investiga o tráfico de seres humanos, Sebastião Sousa, defende que “a mendicidade forçada é um fenómeno que não é novo”, mas ao qual “a globalização veio trazer novos contornos e novas oportunidades”. “As redes internacionais, sobretudo provenientes da Roménia e Bulgária, aproveitaram a integração destes países na União Europeia para circularem livremente pelo Espaço Schengen. Estas redes tiveram o seu apogeu até 2018 e recuaram com a pandemia”, explica.

Existem redes internacionais a comprar crianças para as forçar a mendigar nas ruas. Estas redes pagam entre mil e dois mil euros às famílias das crianças e, em seguida, força os menores a angariar um mínimo diário de 30 euros através da mendicidade. Este é um fenómeno que, segundo o “Jornal de Notícias”, tem aumentado em Portugal.

Uma criança cigana atravessa uma rua passando por casas remodeladas perto da chamada “Sheffield Square”, na cidade de Bystrany, na Eslováquia, em 28 de Novembro de 2016. Foto tirada em 28 de Novembro de 2016. (REUTERS / David W Cerny)

Num caso descrito pela publicação, uma criança romena de 10 anos foi vendida duas vezes pela mãe, tendo ido primeiro para a Irlanda e depois para Portugal. Em território nacional, a criança foi obrigada a casar, transformada em escrava doméstica e era ainda forçada a roubar e mendigar à porta de supermercados. Ao fim de cinco anos, foi resgatada da família que a maltratava no Porto.

O inspector-chefe da PJ que investiga o tráfico de seres humanos, Sebastião Sousa, indica que a mendicidade forçada não é um fenómeno novo mas que a “globalização veio trazer novos contornos e novas oportunidades” às redes de tráfico. “As redes internacionais, sobretudo provenientes da Roménia e Bulgária, aproveitaram a integração destes países na União Europeia para circularem livremente pelo Espaço Schengen. Estas redes tiveram o seu apogeu até 2018 e recuaram com a pandemia”, explica o inspetor que lidera a brigada da Diretoria do Porto.

O “JN” indica que as vítimas de escravidão são obrigadas a pedir à porta de igrejas e de supermercados, sendo que quanto maior for a degradação da vítima, maior é o lucro para a rede e família envolvida.

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