O frei José Hangalo manifestou, recentemente, na sua página do Facebook, um desassossego que numa Sociedade normal levaria os políticos a colocarem a mão no queixo e a porem os neurônios a trabalhar, por um lado, e, por outro, a convocar a preocupação académica e científica e consequentemente o concurso dos expertos em Assistência Social, Sociologia e Psicologia do País.
Eis a inquietação do frei José Hangalo: “Estou aqui a pensar no que as futuras gerações vão pensar de nós. Não vão pensar que a nossa é uma sociedade de idiotas nem nada?”.
Partilho da preocupação do frei José Hangalo e, se mo é permitido, tomo a liberdade de responder, externando o que há muito penso sobre o assunto em pauta.
As futuras gerações vão pensar que nós fomos a geração mais falha de Angola em virtude do mais sonante e vexatório legado com o qual se vão deparar historicamente: a mais alta expressão da nossa cobardia cívico-política.
As futuras gerações vão pensar sim (e com muita razão) que fomos “idiotas úteis” de um tempo que eles incompreenderão durante largos anos.
Estamos (penso e digo eu) a construir um legado geracional que vai envergonhar os nossos filhos e netos.
A transferência dos nossos valores morais, cívicos e políticos não terá uma relevância, positiva, futura singular e impactante no porvir dos nossos descendentes.
Por que? Porque com palavras, acções e omissões temos frutificado a futilidade. Temos multiplicado os medíocres e a mediocridade em todos os sectores da vida nacional, sobretudo na política.
Temos reduzido a cultura a conteúdos musicais e não só a um chorrilho de disparates que vão formando consciências e carácteres do futuro do amanhã.
Esta é a realidade. E é sobre isso que as futuras gerações vão pensar e perorar. É com isso que as futuras gerações se vão preocupar.
É por isso que elas vão pensar que fomos, sim senhor, idiotas úteis que deixaram como legado a mais alta expressão da nossa cobardia.
*Jornalista