A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que pelo menos 413 pessoas foram mortas e outras 3,5 mil ficaram feridas desde o início do conflito no Sudão, no último sábado (16). A onda de violência é ocasionada pelos combates entre o exército sudanês e forças paramilitares, que buscam tomar o poder no país.
A situação de saúde no país é considerada “catastrófica”. Durante a semana, combatentes saquearam hospitais, sequestraram ambulâncias e atacaram profissionais de saúde. O país já lidava com um colapso do sistema de atendimento hospitalar após o esgotamento de insumos para tratamentos e a superlotação em hospitais.
O director da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, chamou o ataque a hospitais e outros serviços relacionados de “angustiante”, enquanto pediu que os combates de quase uma semana “parem imediatamente”.
“Esses actos repreensíveis de violência não apenas colocam em risco a vida dos profissionais de saúde, mas também privam populações vulneráveis de cuidados médicos essenciais”, tuitou.
Ali Basheer, do Sudan Doctor Syndicate, informou ao portal Al Jazeera que cerca de 55 hospitais ficaram fora de serviço devido aos combates.
“A situação humanitária é catastrófica. Um grande número de hospitais ficou fora de serviço devido a greves e falta de suprimentos médicos e combustível necessário para manter os geradores a funcionar”, explicou Basheer.
“Os hospitais ainda sofrem com falta de energia e falta de água… Há uma necessidade urgente de medicamentos salva-vidas, bolsas de sangue, antibióticos e fluidos intravenosos”, acrescentou.
Controlo do poder
Os combates eclodiram no último sábado (15/4), após um grupo paramilitar liderado pelo general Mohamed Hamdan Dagalo afirmar ter assumido o controlo de importantes pontos do país.
As unidades do Exército leais ao general Abdel Fattah al-Burhan, chefe do Conselho Soberano do governo de transição do Sudão, iniciaram uma reação contrária. Essa foi a primeira eclosão de combates desde que os dois grupos uniram forças para derrubar o autocrata islâmico Omar al-Bashir, em 2019.
A onda de violência foi provocada por um desacordo sobre a integração do grupo paramilitar nas Forças Armadas do país, como parte de uma transição para o regime civil, criado para encerrar a crise político-econômica provocada por um golpe militar em 2021.