A filha recém-nascida do denunciante angolano ‘Man Genas’ morreu a 7 de Abril, dois dias após a sua mãe, que também está sob custódia das autoridades, dar à luz no Hospital Central de Maputo.
Para a Rede Moçambicana de Defensores dos Direitos Humanos, a esposa de ‘Man Genas’ foi tratada com “negligência” pelas autoridades, acusando-as de não terem permitido que a mulher tivesse acompanhamento pré-natal.
“Podemos sim afirmar que houve negligência da parte do nosso Estado em primeiro lugar. Nas nossas conversas com o hospital, os médicos disseram que a condição em que ela chegou ao hospital não dava muitas chances de vida à bebe”, afirmou Nuvunga, que acusa também as autoridades de terem levado a mulher de ‘Man Genas’ ao hospital apenas quando começou a ter “sintomas de aborto”.
“O direito à saúde [da mãe e da bebé] sempre esteve em causa”, acrescentou o activista moçambicano que acompanha o processo.
O director do Departamento de Ginecologia do Hospital Central de Maputo, onde se deu o parto, disse ao canal privado STV, que a mulher deu entrada no estabelecimento com “uma complicação obstétrica”, mas “tudo foi feito para salvar a bebé”.
“O Hospital Central de Maputo recebeu a senhora com uma complicação obstétrica, que afectava uma gravidez ainda prematura”, declarou Agostinho Daniel.
Na última semana, um grupo de deputados da UNITA, principal partido da oposição, disse em conferência de imprensa que ‘Man Genas’ “teme por envenenamento alimentar”.
“O ‘Man Genas’ teme ser vítima de envenenamento alimentar. A esposa, em estado de gestação, denuncia ter-lhe sido negada a assistência médica há mais de um mês”, afirmou Olívio Quilumbo, que chefiou a delegação parlamentar da UNITA, que visitou Maputo, entre os dias 21 e 26 de Março.
A Lusa em Maputo tentou, sem sucessos, contactar o Serviço Nacional de Migração de Moçambique.
“Man Genas”, que fugiu para Moçambique após alegada perseguição em Angola, está sob custódia com a família por denunciar suposto envolvimento de altas autoridades angolanas no narcotráfico.
As denúncias levaram uma comissão parlamentar a questionar no último mês o ministro do Interior angolano, Eugénio César Laborinho, que rejeitou qualquer envolvimento de altas patentes das forças de segurança.