O silêncio dos órgãos públicos diante desses casos, particularmente dos órgãos de comunicação social públicos, tem sido uma ferramenta utilizada pelo próprio Sistema, para degradação da imagem que temos da governação, do exercício e da sensibilidade do Presidente da República para os assuntos que afectam grande franja da nossa população carenciada.
Mas isso é reflexo de uma ditadura a que temos sido submetidos, e que mais do que bons resultados, tem arrastado a imagem da governação para a lama. Não fosse essa ditadura, provavelmente, pelo impacto, tocaria os corredores do nosso poder e não se permitiria nunca mais a execução de atentados como esse, que ferem a nossa sensibilidade, a nossa consciência e os nossos direitos fundamentais.
Dói até a alma, ver que até esta criança sabe quais são os seus direitos e o nosso Sr. Deus de Angola parece que não. Ela tem consciência que, como está a ser dirigido, este País não tem rumo.
A culpa neste caso, não tem como ser assacada a quem construiu uma casa para morar com alguma dignidade, mesmo em terreno `oficialmente não autorizado´. E para reposição dos direitos do Estado, que se tem como pessoa de bem, a demolição não deve ocorrer depois de se assistir, com alguma passividade, o nascimento e a consolidação de um bairro com centenas de habitações, ainda que precárias. Porque depois de construir e quando se atinge esse estágio, o cidadão passa a ter direitos, que ainda assim podem ser negociados, processo que deve seguir depois com a eventual responsabilização dos culpados (negociantes) que funcionam dentro de órgãos públicos de gestão dos espaços municipais.
Dessa prática criminosa resultam esses casos e quem governa não deve fingir que não sabe, que não vê. Essas cenas, meus senhores, podem ser interpretadas como actos de terrorismo de Estado, atentados aos direitos fundamentais consignados na Constituição e na Carta Universal dos Direitos Humanos.
É de partir o coração!
Jornalista Ramiro Aleixo | In Facebook