Talvez fosse interessante um dia alguém fazer um estudo sobre ser dirigente (seja governante, dirigente partidário ou líder empresarial). A atitude é a mesma. Há certamente qualquer coisa naquelas cadeiras que fazem com que as pessoas mudem. No dia em que se sentam nas suas cadeiras (de ministros \ governadores provinciais \ PCA ou líder partidário) baixa-lhes o santo do “sabe-tudo”.
São cinco, os grandes pecados dos governantes.
O primeiro, é que deixam de ouvir conselhos. Ao contrário do que deveria ser, os nossos governantes falam mais do que ouvem e só ouvem quem lhes diz coisas que querem ouvir, que lhes faça festas ao ego. Fazem-se rodear de meia dúzia de pessoas daqueles que nao se atrevem a ter uma opinião diferente da do chefe.
Em segundo lugar, deixam de ter tempo para os familiares, para os amigos e para fazer outras coisas básicas da vida. Os nossos dirigentes são os mais ocupados do mundo. Nem tem tempo para atender o telefone, nem para saudar um amigo pelo aniversário e, pior ainda, para ir às compras, andar pela rua sem guardas ou visitar familiares. Que raio de cargos são esses que mudam tanto as pessoas?
Em terceiro lugar, não têm tempo para aprender. Como passam a ser sabe-tudo, recusam-se a participar em sessões de formação, a menos que haja uma orientação superior para o efeito. Recusam literalmente toda a participação em debates acadêmicos ou trabalhos universitários, como conferencias, seminários ou trabalhos de investigação. E quando aparecem só tem tempo para ouvir o discurso de abertura e prometer aos velhos amigos que um dia destes vão ligar para almoçarem. Tornam-se especialistas de tudo: de planificação, comunicação social, administração e finanças, enfim não ouvem os especialistas e decidem muitas vezes em sentido contrário. “Sou eu que mando, eu é que sei tudo”.
Em quarto lugar, esquecem-se dos velhos assuntos, das ideias que defendiam antes de “subirem”. Esquecem-se de todos os planos que diziam ter, das ideias e até do diálogo que prometeram. Esquecem-se dos velhos camaradas, não para os promover ou acomodar, mas para ouvir apenas, recolher sugestões, deixar um legado, ter obra para mostrar.
Em quinto lugar, o síndroma do “agora é a minha vez”. A preocupação passa a ser encaixar os seus familiares ou recomendados, as suas empresas e fazer o seu pé de meia. Hoje já não é tão explicito, mas continua a ser feito.
Manter o tacho não justifica a mudança em tantas pessoas.
Não pode ser só um problema de comportamento individual.
Deve haver qualquer coisa nessas cadeiras.
Bom dia
Ps: nem sei o que me leva a pensar nisso hoje.