O MPLA, partido que suporta o governo desde 1975 diz “desconhecer” por completo a compra de carros de 200 mil USD para os 45 membros do Conselho Económico e Social, numa altura em que muitos cidadãos angolanos estão a reagir com repulsa à decisão do Presidente João Lourenço em atribuir viaturas de luxo top de gama com preços milionários face a situação social dos angolanos.
Instado pelo Economia & Mercado sobre a pertinência desta despesa face aos desafios do País, o Secretário do Bureau Político para Informação e Propaganda do MPLA, Rui Falcão disse que “desconhece, por completo essa informação”.
Entretanto, tal como avançou esta segunda-feira o ECOS DO HENDA, a informação consta do Decreto Presidencial 33/23 de 6 de Fevereiro, que estabelece o novo regimento do Conselho Económico e Social, que mantém a função de membro daquele órgão não remunerável, mas que o Presidente da República pode atribuir algumas regalias, compatíveis com a função.
A denúncia veio pela voz do jornalista Carlos Rosado de Carvalho que, inicialmente denunciou nas redes sociais e, posteriormente analisou de forma exaustiva o ‘brinde’ de 45 viaturas top de gama avaliadas em 200 mil de dólares cada, atribuídas pelo Presidente da República aos membros do Conselho Económico e Social, no programa “economia sem makas” da Rádio MFM.
Entretanto, a polémica aquisição de viaturas milionárias para os membros do Conselho Económico e Social já saiu da esfera política, tendo se arrastado para a esfera social.
Cidadãos de todas as franjas da sociedade angolana estão a reagir com repulsa à decisão do Presidente João Lourenço.
Segundo o músico, radialista e activista social Nelson Adelino Dembo, conhecido por Gangsta, em vídeo divulgado nas redes sociais, existem outras prioridades no País que deveriam ter sido levadas em conta para a alocação dessas verbas, como o baixo salário dos professores, dos enfermeiros e dos agentes da Polícia Nacional.

Por outro lado, Sérgio Calundungo, líder do Observatório Político e Social e membro do actual Conselho Económico e Social, em entrevista à Voz da América questiona o valor das viaturas em causa e disse que não se opõe à oferta, embora considere não ser “prioridade do Estado na actual fase”.
Opinião contrária tem também o líder da organização não governamental Friends of Angola, Florindo Chivucute, para quem, com esta atitude, o Presidente João Lourenço pretende que os conselheiros “sejam fiéis a ele e não ao povo angolano”.
Por sua vez, o analista Elias Isaac, é de opinião que se dê mais dignidade aos pobres e não aqueles que já têm como muitos membros do Conselho Economico e Social.
O ECOS DO HENDA sabe que se tratam de viaturas top de gama de altas cilindradas de marca Toyota VXR Twin Turbo, avaliado em cerca de 200 mil USD.
De referir que a polémica na aquisição de viaturas em Angola não é nova, sendo que, remontam do ano de 2012 quando a Assembleia Nacional pretendia, na altura, adquirir carros de luxo de marca “Jaguar” para os deputados.
Após vários meses de polémica, os deputados que se estrearam naquela legislatura acabaram por lhes ser atribuídas viaturas oficiais de marca Lexus, tendo em conta os montantes envolvidos no anterior negócio.
Até então, a Assembleia Nacional era a “campeã” na polémica aquisição de carros de luxo a que se junta agora à Presidência da República.