O Projecto Político PRA-JA Servir Angola denunciou que 17 pessoas foram feridas pela Polícia Nacional que impediu, no sábado (28.01), a realização de uma marcha que visava o lançamento do ano político da organização.
Um comunicado de imprensa a que a agência Lusa teve acesso esta segunda-feira (30.01) refere que o coordenador geral do PRA-JA Servir Angola, Abel Chivukuvuku, e os seus apoiantes tentaram iniciar uma marcha programada, que partiria do largo da ENDE – São Paulo em direção ao Complexo de Eventos Magnólia, onde o político daria uma palestra sobre as autarquias, quando surgiu a polícia para impedir o ato.
“A marcha não tinha ainda percorrido 100 metros quando um grupo de agentes da Polícia Nacional ostensivamente armado, sob o comando do Chefe das Operações do Município de Luanda, superintendente Salvador, bloqueou a marcha”, refere-se no comunicado.
De acordo com a nota, a polícia terá lançado granadas de gás lacrimogéneo e feriu 17 pessoas, agredindo membros do projeto político PRA-JA Servir Angola, transeuntes e deputados da Assembleia Nacional presentes no local.
“A acção da polícia não tem respaldo legal e configura clara violação dos direitos fundamentais dos cidadãos plasmados na Constituição da República de Angola (CRA)”, sublinha-se no documento, realçando-se que as granadas de gás lacrimogéneo foram lançadas em direção a Abel Chivukuvuku, “que escapou por um triz à ação violenta, repressiva e criminosa dos agentes da Polícia Nacional”.
PRA-JA Servir Angola informou autoridades
Segundo a nota, a coordenação geral do projeto político PRA-JA Servir Angola remeteu uma nota informativa, onde constavam todos os pormenores da actividade, à Comissão Administrativa de Luanda e ao Comando Municipal da Polícia Nacional, no dia 26 de Janeiro, devidamente protocolada pelos respetivos órgãos e não recebeu nenhuma comunicação a inviabilizar a acção.
“Pela ocorrência que deveria envergonhar o Governo de Angola, a coordenação geral do projeto político PRA-JA Servir Angola repudia e condena veementemente a ação da polícia que demonstrou claramente não ser uma instituição apartidária e republicana. Antes pelo contrário, revelou-se uma polícia política, vocacionada a reprimir violentamente a oposição como o fizeram a GESTAPO da Alemanha nazista, a STASI da Alemanha oriental, a TCHEKA da União Soviética e a PIDE-DGS do regime ditatorial de Salazar”, destaca-se no comunicado.
Também no sábado, a Polícia Nacional reprimiu uma outra manifestação na capital angolana pela libertação dos “presos políticos”. Vários ativistas e organizadores da marcha foram detidos.
O projeto político do Partido do Renascimento Angola — Juntos por Angola — Servir Angola (PRA-JA Servir Angola) é liderado por Abel Chivukuvuku, antigo dirigente do maior partido da oposição angolana, União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e da Convergência Ampla de Salvação de Angola — Coligação Eleitoral (CASA-CE).
Em 2019, foi lançado o projeto para a sua legalização, entretanto chumbado pelo Tribunal Constitucional de Angola, por alegadas irregularidades no processo, justificação que é rejeitada pelos seus integrantes, considerando que razões políticas estão por detrás do impedimento.
A Lusa tentou contactar a polícia para reagir às acusações, mas não obteve resposta.
Fonte: DW África | Lusa