O esbulho de terrenos de camponeses na zona do estádio 11 de Novembro, soma e segue. Depois de ter passado 128 dias na cadeia, por causa de um esquema que visava lhe tirar do caminho, para se apoderarem de uma parcela de terra, Daniel Neto, responsável da cooperativa de camponeses Conda Marta, denuncia altas patentes das Forças Armadas Angolanas, da Polícia Nacional e até militantes de proa do MPLA de estarem envolvidos na invasão e ocupação ilegal de terras, no 11 de Novembro no distrito urbano de Camama.
Em entrevista após ter sido solto, sob ordem do tribunal, por falta de fundamentos legais para a sua detenção, Daniel Neto explicou que acabou detido por homens do Serviço de Investigação Criminal em Luanda, no passado dia 26 de Setembro de 2022, acusado dos crimes de falsificação de documentos e associação criminosa.
Os motivos, segundo denunciou, estão os constantes conflitos de terras no Distrito Urbano da Cidade Universitária, no Talatona, uma situação sobejamente conhecida por todos, em função das inúmeras denúncias que tem vindo a fazer, mas que por conivência e interesses inconfessos tem encontrado entraves nos órgãos policiais e judiciais para a sua solução definitiva.
“Só para se ter uma ideia, durante o tempo em que estive detido, foram construídos cinco condomínios nas terras em conflito”, explicou, para depois questionar quais foram os órgãos do Estado que autorizaram tal situação sabendo que são terras de uma cooperativa legalizada.
Insatisfeito com a forma como o processo está a decorrer, considerou que a sua detenção tem servido de mote para altas patentes se “das FAA e da Polícia se apossarem de forma indevida de um bem dos camponeses, já que eles não param de construir aqui num terreno que continua em disputa”.
Por sua vez, Marduqueu Pinto, Advogado da empresa Conda Marta, classificou como “vergonhosa” a justiça feita em Angola, uma vez que, os cidadãos continuam a ser presos injustamente para se investigar, tendo denunciado, inclusive, uma alegada promiscuidade entre os órgãos policiais e judiciais.
Já as camponesas dizem não entender as razões que motivam este conflito. Dizem-se abandonadas por quem deveria as defender e apelaram ao Presidente da República, enquanto alto magistrado da Nação angolana, a pôr a mão sobre este caso.
Ao que tudo indica, o fim deste conflito ainda está distante.