O filho do presidente da Guiné Equatorial, Ruslan Obiang Nsue, foi detido e colocado em prisão domiciliar por suspeita de vender um avião pertencente à companhia aérea nacional do país, informou a televisão estatal (TVGE) na terça-feira.
No final de Novembro, as autoridades tinham aberto uma investigação “após constatar o desaparecimento da aeronave ATR 72-500 pertencente à empresa nacional”, Ceiba Intercontinental, que se encontrava desde 2018 em revisão de rotina em Espanha, explicou a TVGE.
Segundo a mesma fonte, Obiang Nsue, teria “vendido o avião ATR à empresa Binter Technic”, especializada em manutenção aeronáutica e com sede em Las Palmas, na ilha espanhola de Gran Canaria.
Ruslan Obiang Nsue, ex-secretário de estado para os desportos e juventude e actual director do Aeroporto de Ceiba, foi primeiro vice-director do Ceiba Intercontinental e depois seu director administrativo.
“Ruslan Obiang confessou que foi ele quem vendeu o ATR de Ceiba, não vou me deixar levar por familismo ou favoritismo, por isso ordenei a sua prisão imediata e entregá-lo à justiça”, disse o seu meio-irmão, o vice-presidente Teodoro Nguema Obiang Mangue, apelidado de “Teodorin”, disse no Twitter.
O próprio Teodorin Obiang foi condenado definitivamente pela justiça francesa no final de Julho de 2021 a três anos de prisão com pena suspensa e 30 milhões de euros em multas e confisco dos seus bens na França por ter construído fraudulentamente um património luxuoso no âmbito dos casos de “ganhos ilícitos”.
Em Julho de 2021, Londres também congelou os seus activos financeiros no Reino Unido e baniu-o do seu território após investigações anticorrupção. Em protesto sobre a decisão, Malabo fechou a sua embaixada no país.
A prisão de Ruslan Obiang Nsue, um dos filhos do presidente, é inédita para um membro da família presidencial do pequeno Estado centro-africano rico em petróleo.
Em Dezembro passado, a notícia do desaparecimento do avião e a sua suposta venda por Obiang Nsue provocou indignação nacional.
A Guiné Equatorial é governada há mais de 43 anos pelo presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, que acaba de ser reeleito para um sexto mandato de sete anos e detém o recorde mundial de longevidade no poder para um chefe de Estado vivo, excluindo monarcas.
A Guiné Equatorial é o terceiro país mais rico da África subsaariana em termos de PIB per capita em 2021, de acordo com o Banco Mundial, mas ocupa o 172º lugar entre 180 países no barómetro de corrupção da Transparência Internacional.