Houve “excessos” na actuação das tropas sul-africanas integradas na missão regional da SADC que combate o terrorismo em Cabo Delgado ao incinerar cadáveres sem seguir os tramites legais. A situação foi denunciada através de um vídeo que foi divulgado nas redes sociais e que está a merecer as mais variadas reacções incluindo do Comité Internacional da Cruz Vermelha que emitiu um comunicado condenando a violação do direito humanitário internacional.
Foi em comunicado que a Cruz Vermelha repudiou a incineração de cadáveres algures em Cabo Delgado por tropas que alegadamente pertencem à missão regional da SADC.
O Comité Internacional da Cruz Vermelha indica no seu comunicado que “os corpos de pessoas que morrem durante um conflito armado ou outras situações de violência devem ser tratados com respeito e a sua dignidade protegida; e os restos mortais humanos devem ser procurados, identificados e recuperados para ajudar a garantir que não fiquem por explicar o paradeiro”.
Está é uma posição que também realçou o capitão e tenente na reserva, Abdul Machava, indicando que a investigação aberta pela Missão da SADC em Moçambique (SAMIM) deve ser séria.
“Moçambique é signatário de várias convenções das Nações Unidas que colocam balizas para evitar excessos nos combatentes no campo de batalha e aquele cenário que nos foi trazido é um cenário de excesso”, declarou o militar.
Também a Amnistia Internacional disse que este episódio mostra “um vislumbre” sobre uma guerra esquecida em Moçambique, numa altura em que as violações dos direitos humanos “ainda ocorrem no país”. Cresce agora no país uma onda de repúdio a atitudes destas tropas suspostamente sul-africanas face a estas imagens que se sabem agora foram registadas no final de 2022.