O Presidente da República, João Lourenço, reafirmou nesta quinta-feira, em Luanda, o compromisso do Executivo angolano com o desenvolvimento nacional e com a paz e segurança mundial.
Ao discursar na cerimónia de cumprimentos de ano novo ao corpo diplomático, João Lourenço disse que Angola implementa reformas, nos últimos anos, com vista a garantir as liberdades fundamentais dos cidadãos, a redução da burocracia na função pública e o combate à corrupção e à impunidade.
Adiantou que a reforma visa ainda a diversificação da economia, fomento da produção interna de bens e serviços, redução das importações de bens essenciais de consumo e aumento das exportações e da oferta de postos de trabalho.
O Titular do Poder Executivo enalteceu a criação de um novo ambiente de negócios e o sucesso na cooperação com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, que aumentou a credibilidade de Angola junto dos credores internacionais.
Declarou que o sucesso notado deve-se à clarificação do papel do Estado na economia, à valorização do sector privado, à privatização de activos do Estado e aos investimentos em infraestruturas de produção e distribuição de energia e água, estradas, caminhos-de-ferro, portos e aeroportos.
Valorizou também a atenção dedicada ao sector social, com a construção de importantes redes hospitalares, de educação e do ensino superior, bem como na admissão de milhares de profissionais nestes sectores.
Apontou também as acções de combate à seca no Sul do país e à pobreza, a promoção do empreendedorismo, a formação profissional dos jovens e a distribuição gratuita de kit’s profissionais.
Diplomacia
O Presidente declarou que a diplomacia angolana, com outros actores internacionais, vem jogando um importante papel de mediação e resolução de conflitos pela via do diálogo na região dos Grandes Lagos, na África Central e na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Referiu que, mandatada pela União Africana, Angola, com a participação da Comunidade dos Estados da África do Oeste, desenvolve esforços para a pacificação do Leste da República Democrática do Congo (RDC).
Adiantou que a mediação angolana visa ainda o restabelecimento das relações de amizade e boa vizinhança entre a RDC e o Rwanda.
João Lourenço salientou que no quadro da SADC, Angola contribui na projecção de forças e meios nos esforços colectivos de luta contra o terrorismo e pacificação de Cabo Delgado, em Moçambique.
Congratulou-se com os esforços dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para reposição da normalidade constitucional, ferida em alguns Estados africanos, como o Mali, Guiné e Bukina Faso.
Tentativa de golpe no Brasil
Na qualidade de presidente pro tempore (em exercício) da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), João Lourenço condenou o assalto às instituições dos poderes Executivo, Legislativo e Judicial no Brasil, ocorrido no domingo passado.
Considerou o acto uma tentativa de reversão da ordem constitucional e da legitimidade do poder democraticamente conferido nas urnas no Brasil.
Para o Estadista angolano, “naquelas horas de domingo, a democracia brasileira viveu momentos de grande perigo e incertezas pelo facto de os acontecimento poderem ter evoluído para um golpe de Estado”,
Cimeira EUA/África
O Presidente João Lourenço considerou a cimeira Estados Unidos da América/África uma vitória para o continente africano, dada as garantias de estar representado no G-20 e de poder ganhar um lugar de membro permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Tais conquistas, adiantou, são o reconhecimento de quanto a África contribuiu para o crescimento e desenvolvimento das economias das grandes potências e o quanto pode ainda dar à economia mundial, para ciência, cultura, desporto e a paz e segurança mundiais.
Acredita que a representação africana no Conselho de Segurança será de justiça e o órgão reflectiria melhor a realidade geopolítica, económica e demográfica do século XXI.
Cessar-fogo na Ucrânia
O Presidente João Lourenço exortou ao estabelecimento de um cessar-fogo definitivo e incondicional por parte da Rússia na guerra contra Ucrânia.
Afirmou que o cessar das hostilidades ajudaria a criar o necessário ambiente negocial entre as partes envolvidas, que levaria a construção de uma paz sólida e duradoura no continente europeu.
Para o Estadista angolano, a realidade de hoje contrasta com o estatuto e prestígio granjeado pela Rússia de ter, com os aliados EUA, Reino Unido e França, libertado a Europa e o mundo da ameaça nazi.
Para o Presidente João Lourenço, a guerra contra a Ucrânia representa uma séria ameaça à paz e à segurança global, provocando a maior crise energética após a II guerra mundial, que terminou em 1945.