Relatório da ONU acusa Ruanda de lançar operações militares na RDC

O Exército ruandês realizou operações militares no leste da República Democrática do Congo e forneceu “armas, munições e uniformes” aos rebeldes do M23, segundo um relatório de especialistas das Nações Unidas, ainda não publicado, mas divulgado hoje.

Os peritos afirmam no documento, já entregue no Conselho de Segurança, consultado pela agência France-Presse, ter recolhido “provas substanciais” que demonstram “a intervenção directa das Forças de Defesa do Ruanda no território da RDC”, pelo menos entre Novembro de 2021 e Outubro de 2022.

Este novo relatório, que deverá ser divulgado nos próximos dias, surge no momento em que, desde o relançamento da sua ofensiva em Outubro, a rebelião tutsi do Movimento 23 de Março conquistou grandes extensões do território do Kivu do Norte, província fronteiriça com Ruanda, levando a um forte aumento da tensão entre Kinshasa e Kigali.

O Ruanda é acusado pela RDC, Estados Unidos da América e vários países europeus de apoiar o M23.
Kigali nega e em troca acusa Kinshasa de instrumentalizar o conflito para fins eleitorais e de ter “fabricado” um massacre que, segundo uma investigação das Nações Unidas, foi perpetrado pelo M23 e custou a vida de 131 civis.

Segundo os especialistas da ONU, o Exército ruandês lançou estas operações militares para “reforçar o M23” e “contra as Forças Democráticas de Libertação do Ruanda”, grupo armado predominantemente hutu, fundado por antigos responsáveis do genocídio dos tutsis, em 1994, no Ruanda.

Apresentada como uma ameaça por Kigali, a existência e violência desta milícia foram as justificações avançadas pelo Ruanda para as suas incursões em território da RDC.

O Exército ruandês, segundo este relatório, e como já referido num relatório confidencial datado de Julho, “forneceu reforços ao M23 para operações específicas, em particular quando estas visavam tomar cidades e áreas estratégicas”.

O M23, grupo armado predominantemente tutsi derrotado em 2013, voltou a pegar em armas no final do ano passado e intensificou a sua ofensiva em Outubro, conquistando grandes extensões de território ao norte de Goma, capital do Kivu do Norte.

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