As autoridades iranianas reconheceram a morte de 300 pessoas nas manifestações dos últimos meses. Os protestos nas ruas duram há dois meses e já foram registadas mais de 300 mortes, incluindo mais de 40 crianças. Esta é a maior demonstração de descontentamento com as autoridades iranianas desde a revolução de 1979.
Mais de 300 pessoas morreram desde o início do movimento de protesto levantado pela morte de uma jovem curda, acusada de ter violado o código de vestimenta para as mulheres.
A morte durante a detenção no dia 16 de Setembro de Mahsa Amini, uma rapariga curda iraniana, de 22 anos, provocou uma onda de manifestações no Teerão e em várias províncias do país. Os protestos têm sido reprimidos com violência pelas forças de segurança.
“Não tenho as estatísticas mais recentes, mas acho que tivemos talvez mais de 300 mártires e pessoas mortas como resultado deste incidente”, anunciou o general Amirali Hajizadeh, comandante da Força Aeroespacial dos Guardas Revolucionários, o exército ideológico do Irão.
Nas manifestações pela morte de Mahsa Amini, milhares de iranianos e quase 40 estrangeiros foram detidos, e mais de 2.000 pessoas indiciadas, apontam as autoridades judiciais.Entre os réus, seis foram condenados à morte em primeira instância e o seu destino agora depende do Supremo Tribunal, que se deve pronunciar sobre os recursos de apelação.
Desde a revolução islâmica de 1979, todas as mulheres são obrigadas, por lei, a cobrir os seus cabelos em público com um véu e a usar roupas consideradas discretas. A polícia da moralidade patrulha as ruas para verificar o cumprimento das leis. Nas últimas duas décadas, muitas mulheres não cobrem os cabelos em Teerão e outras grandes cidades iranianas.
A morte de Mahsa Amini provocou uma grande indignação entre a população. Os efeitos estão a ser sentidos, nomeadamente, no Mundial do Qatar, onde os jogadores da selecção iraniana não cantaram o hino nacional no primeiro encontro, da semana passada, contra a Inglaterra, como forma de protesto.
Por RFI