O fenómeno kudurismo tem desvirtuado o sentido lógico do possível e imaginário na garantia de tranquilidade e segurança pública no País

Sobre o acto de vandalismo e arruaça verificado ontem em Luanda, à volta do funeral do Nagrelha, partilho, por achar muito interessante, com a devida autorização da pessoa, que oculto o nome, que me me mandou o texto pelo WhatsApp (uma pessoa que entende profundamente sobre o que deve ser a actuação dos órgãos de Defesa e Segurança), a seguinte reflexão:

“Caro amigo Carlos Alberto;

Lamentavelmente há muito que o fenómeno kudurismo tem desvirtuado o sentido lógico do possível e imaginário na garantia de tranquilidade e segurança pública no país.

Os acontecimentos registados no decurso das exéquias fúnebres e durante o percurso do cortejo e no local para realização do funeral do Nagrelha devem ser profundamente analisados e servirem de reflexão sobre o tipo de sociedade que estamos a construir, de onde viemos, o que fazemos, o que pretendemos ser e fazer e para onde queremos ir.

A Polícia e demais mecanismos e órgãos de segurança e inteligência nacional têm a responsabilidade de garantir a ordem e a segurança pública das pessoas e dos bens públicos e particulares em todos os espaços e parcelas do território onde elas estão implantadas e actuam, mas em nenhuma sociedade o sentimento pela perda de um ente querido, seja ele cantor, actor ou uma figura notável da sociedade, deve ser transformado numa oportunidade para provocação de desordem, instabilidade pública e prática de actos de vandalismo, assaltos e destruição de bens públicos e particulares.

O cenário visto por todos ao longo do percurso do cortejo fúnebre e no local destinado à sepultura do kudurista Nagrelha é consequência de uma sociedade doentia como infelizmente está a nossa, onde se valoriza a vulgaridade cultural, a banalidade, a imoralidade, a inversão dos valores éticos, cívicos e morais com o proteccionismo até dos órgãos do poder, que a pretexto da valorização da nossa Cultura autorizam actos e manifestações que subalternizam e desrespeitam as normas e regras de segurança pública e as próprias instituições e autoridade do Estado em detrimento de comportamentos marginais e anti- sociais representados num estilo de música que atiça estes comportamento, traduzidos no aproveitamento político e Institucional, fruto da ignorância e do fraco nível de educação e de escolaridade dos seus fazedores e seguidores.

Temos de reconhecer que o tipo de ocorrência registado no decurso das exéquias fúnebres do Nagrelha já não constituem novidade, se tivermos em linha de conta os cenários actuais dos actos fúnebres em Luanda, marcados por vandalismo, selvageria e violência gratuita e nos penitenciarmos pelas fragilidades demonstradas no sistema de inteligência, segurança e ordem pública, cuja responsabilidade e missão primária e fundamental é garantirem a proteçãco das pessoas e dos bens públicos e particulares tanto no local de realização do funeral, como ao longo das várias artérias em que a moldura humana concentrada ou em movimento de milhares de cidadãos não teve o devido e merecido acompanhamento dos órgãos de inteligência e de segurança pública.”

In Facebook do Jornalista Carlos Alberto

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