Um instrutivo da Comissão de Gestão da Gráfica Popular, que manda restituir viaturas na posse de antigos quadros que exerceram cargos de direcção e chefia, está a criar um mal-estar naquela empresa pública do sector das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTTICS).
A circular nº 3 de 7 de Novembro a que este jornal teve acesso, assinada pelo coordenador geral da Comissão, José Matuta Cuato informa aos trabalhadores que exerceram cargos de direcção e chefia e que estão na posse de viaturas atribuídas pela Gráfica Popular UEE a sua restituição até ao dia 21 de Novembro, portanto, hoje, segunda-feira.
Acontece, porém, que boa parte das viaturas em causa nem sequer têm que ver com a empresa, por terem resultado de uma acção do antigo vice-ministro da Comunicação Social Graciano Tulumo que terá feito diligências junto do então ministro da Economia Abraão Gourgel para que fossem atribuídos alguns carros a responsáveis que andavam à pé. Já lá vão oito anos e boa parte destes meios rolantes, já estão por cima de pedras e pensa-se, por isso que nem sequer deviam constar do inventário.
Soube-se que Faustino Rocha, antigo director técnico quase apanhava um AVC logo que soube da nota da Comissão de Gestão. “O homem ficou sem chão”, comenta um funcionário muito agastado com a Comissão, e sublinha mesmo que “em vez de estar preocupado com carros velhos que nem sequer foram adquiridos pela empresa, Matuta Cuato devia engajar-se no futuro da Gráfica se esta é viável ou não, conforme orienta o Despacho do então titular do MINTTICS, Manuel Homem, hoje governador de Luanda.
“Acreditamos que o secretário de Estado para a Comunicação Social, Nuno Carnaval, ou o actual ministro, Mário Oliveira, que são pessoas marcadamente humanas, não vão permitir que se cometa uma barbaridade destas com pessoas, algumas das quais na empresa há mais de quatro décadas”, afirmou o nosso contacto, acrescentando que o anterior director geral da Gráfica, Fernando Cunha “também não permitiria coisa igual”.
Fernando Cunha foi exonerado em Junho último depois de quase 20 anos no cargo, “mas ele deixou aqui saudades”, porque “se trata de um gestor que, ainda que tenha cometido erros, olhava para a qualidade de vida dos trabalhadores e sempre foi assim tanto aqui (Gráfica) como no Jornal de Angola, ou ainda na TPA”, por onde passou, assinalou ainda o mesmo trabalhador que já lá está há quase 30 anos.
A Gráfica Popular, é uma Empresa Estatal, adstrita ao Ministério da Comunicação Social. Criada ao abrigo do Decreto Nr.23/78 de 27 de fevereiro, publicado no diário da República Nr.48, pelo então Presidente da República, Dr. António Agostinho Neto, em consequência do confisco da Empresa Portugal, Lda.
Fonte: Pungo a Dongo