O Observador divulgou agora um SMS que António Costa enviou a Carlos Costa que confirma o telefonema sobre o afastamento de Isabel dos Santos.
A polémica em torno das revelações feitas no novo livro “O Governador”, que relata vários episódios dos dois mandatos de Carlos Costa à frente do Banco de Portugal, não dá sinais de abrandar.
Na semana passada, o Observador — onde trabalha o jornalista Luís Rosa, que escreveu o livro — divulgou um capítulo que relata uma alegada pressão de António Costa a Carlos Costa para que este não afastasse Isabel dos Santos do conselho de administração do Eurobic, dizendo que não se podia “tratar mal” a filha do presidente de um país aliado de Portugal.

Carlos Costa terá querido afastar Isabel dos Santos e o seu sócio, Fernando Teles, da administração do BIC — banco onde tinham uma participação de 20% — de forma a que o mercado não entendesse que o banco estava associado ao BIC Angola.
As razões de Carlos Costa prendiam-se com o facto de Isabel dos Santos ser uma “pessoa politicamente exposta por ser filha do presidente de Angola e por existirem fortes indícios de que fora favorecida pela plutocracia do MPLA”, já que “a acionista de referência de várias das principais empresas” angolanas.
Entretanto, o primeiro-ministro rejeitou as acusações, que disse serem “ofensivas” da sua “honra, bom nome e consideração”, e anunciou que já tinha contactado o seu advogado para eventualmente avançar com um processo.

O Observador avança agora com mais um capítulo desta novela. O jornal divulgou um SMS que António Costa enviou a Carlos Costa na semana passada, precisamente na altura em que a notícia da sua alegada pressão veio a público.
Na mensagem, o primeiro-ministro confirma que telefonou a Carlos Costa em 2016, após a reunião onde o regulador independente tentou afastar Isabel dos Santos do EuroBic. No entanto, Costa rejeita novamente a ideia de que disse que não se podia “tratar mal” Isabel dos Santos.
Em vez disso, o chefe do Governo afirma que contactou Carlos Costa para o avisar de que seria “inoportuno” avançar com o afastamento da filha de José Eduardo dos Santos devido ao processo de venda da participação desta num outro banco, o BPI, aos espanhóis do La Caixa.