O antigo Presidente americano Donald Trump lançou nesta terça-feira, 15, a sua pré-campanha presidencial, com vista à corrida à Casa Branca em 2024.
Ele fez o anúncio no seu resort em Mar-a-Lago, na Flórida, ante apoiantes escolhidos, uma semana depois de ter sido apontado por republicanos e observadores políticos como um dos principais responsáveis pelo resultado nas legislativas que ficou muito aquém das promessas dele e de outros republicanos.
“O regresso da América começa agora”, disse o ex-Presidente, num discurso em que destacou o que considerou seus feitos durante a sua Presidência e com os chavões habituais.
“Para tornar a América grande e gloriosa novamente, estou a anunciar nesta noite minha candidatura à Presidência dos Estados Unidos”, reiterou.
A entrada muito precoce de Trump na disputa pela Casa Branca, ao contrário do que é habitual, está a ser vista em Washington como uma tentativa de conseguir vantagem sobre outros republicanos que possam querer concorrer à indicação do partido e evitar possíveis acusações criminais.
“Não acho que o anúncio signifique tanto quanto as pessoas pensavam, e com uma exibição mais fraca no meio do mandato, reduz a probabilidade de nomeação”, disse Joshua Crabb, chefe de ações da Ásia-Pacífico na gestora de investimentos Robeco.
A política ficou em segundo plano para Wall Street este ano, com as preocupações macroeconómicas.
O anúncio de Trump, enquanto isso, não surpreendeu os investidores, já que o ex-Presidente havia admitido a possibilidade de concorrer novamente.
Oposição republicana
Entretanto, no campo político, ele enfrenta uma oposição crescente no seio do seu partido.
Na terça-feira, Ken Griffin, bilionário e um dos principais doadores dos republicanos, expressou o que muitos dentro do partido aparentemente pensam.
“Gostaria de pensar que o Partido Republicano está pronto para deixar de lado alguém que foi um perdedor três vezes para este partido”, disse Griffin num evento patrocinado pela Bloomberg News em Singapura.
Griffin está longe de ser o único a acreditar que os republicanos precisam se distanciar do ex-Presidente.
Antigos líderes e jornais próximos dos republicanos também aderiram ao coro.
Após o desempenho pior do que o esperado do partido nas eleições de 8 de Novembro, o conservador Wall Street Journal publicou um editorial contra Trump.
“Desde a sua vitória improvável em 2016 contra a odiada Hillary Clinton, o Sr. Trump tem um histórico perfeito de derrota eleitoral”, lê-se no editorial, acrescentando que “agora o Sr. Trump estragou as eleições de 2022 e pode entregar aos democratas o Senado por mais dois anos, o Sr. Trump teve sucessos políticos como Presidente, incluindo cortes de impostos e desregulamentação, mas ele levou os republicanos a um conflito político, fiasco após o outro”.
A sombra DeSantis
O governador da Flórida, Ron DeSantis, que compartilha muitos dos atributos de Trump quando se trata de criticar a esquerda e que recentemente foi reeleito por uma margem de quase 20 pontos percentuais, é apontado por muitos como um potencial candidato.
Em declarações a jornalistas na segunda-feira, 14, a senadora republicana Cynthia Lummis disse que “a questão é: quem é o actual líder do Partido Republicano? Oh, eu sei quem é: Ron DeSantis. … Ron DeSantis é o líder do Partido Republicano, quer ele queira ou não”.
Jennifer N. Victor, professora associada de ciência política na Schar School of Policy da George Mason University, afirmou que “a sabedoria convencional na política há muito tempo é que você pode afastar seus adversários levantando dinheiro cedo e entrando no jogo”, em referência ao lançamento da candidatura de Trump.
“E assim, ele está claramente à procura desse tipo de vantagem”, sublinhou na conversa com a VOA.