Pela primeira vez desde que me conheço, a comemoração do Dia da Independência não me diz nada. Desliguei-me intencionalmente das notícias. Desisto de continuar a sonhar em vão. Não foi por este país sem esperança que as nossas heroínas e os nossos heróis lutaram!
Ainda assim, tenho plena convicção de que valeu a pena o esforço e dedicação dos angolanos e de todos quantos apoiaram a causa da independência. O erro não é, nunca foi e jamais será termos ficado independentes. O erro somos nós. Nós é que somos vítimas de falhanços. Quem falhou, quem errou, quem fez o quê? Hoje não é dia de debate.
Impossível alguém se sentir realizado num país em que aumenta, desgraçadamente, o número de seres humanos a disputar em contentores putrefactos, restos de lixo. É a luta pela sobrevivência levada ao extremo na selva de betão.
Ver crianças pequenas a caminhar dezenas de quilómetros em busca de escolas que lhes devia garantir um amanhã melhor, destroça a alma de qualquer ser não despojado totalmente da sua humanidade.
Os trocos reservados pelo OGE aos sectores da saúde e educação elucidam bem a ordem de prioridades e que tipo de país estamos a tentar remendar.
Oxalá algum dia os nossos filhos e netos tenham mil motivos para sentir um orgulho autêntico por esta Pátria sagrada. Oxalá os nossos descendentes encontrem razões sustentáveis para enquadrar a “geração do desencanto” num qualquer catálogo de fracassos do passado.
Hoje, o tal futuro que começou anteontem continua adiado.