Se o mundo continuar nesta rota, o aquecimento global do planeta deve ultrapassar os +1,5° dentro de nove anos. As projecções apontam para que a emissões de gases com efeito de estufa ultrapassem os “40,6 mil milhões de toneladas de CO2” em 2022, um aumento de 1% em relação ao ano passado. Dizem os peritos que o mundo voltou aos níveis “antes covid-19″.
Foi publicado esta noite o último balanço da Global Carbon Project, um consórcio internacional de investigadores, que vem mais uma vez confirmar a adição do planeta às energias fósseis.
Diz o documento que as emissões globais de CO2 devem aumentar 1% em 2022, o que significa mais “40,6 mil milhões de toneladas” de gás com efeito de estufa lançados na atmosfera.
Em 2022 constata-se um forte aumento da utilização do petróleo devido à retoma plena da aviação (+2,2%), um ligeiro aumento do carvão (+1%) e uma baixa no recurso ao gás ligado ao fecho das torneiras russas desde o início da guerra na Ucrânia.
No relatório agora publicado, não há bons alunos. Na Europa as emissões devem baixar -0,8% em 2022, nos Estados Unidos aumentar +1,5% e na Índia +6%.
Da China a informação de um recuo de -0,9%, o que poderia ser uma boa notícia, porém não o é porque não é fruto de políticas climáticas, mas da estagnação económica, dos confinamentos sucessivos e da crise imobiliária.
A crise energética motivada pela guerra na Ucrânia deita por terra as políticas verdes e justifica a reactivação das minas de carvão. O carvão é duas vezes mais poluente que o gás.
Para a manutenção da meta da neutralidade carbono até 2050, é necessário que as emissões baixem no mínimo 4% a 5% por ano.
A continuarmos neste caminho, o objectivo do Acordo de Paris de conter o aquecimento global a 1,5° até ao fim do século é cada vez mais uma miragem. Já estamos a mais 1,1° e o aquecimento global do planeta pode ultrapassar os 1,5° dentro de nove anos.