A Livraria Kiela recebe na próxima sexta-feira, 4 de Novembro, a partir das 18h30, “Discurso Sobre o Estado da Nação 2075”, uma performance multidisciplinar de S. Ex.ª. Mussunda Nzombo.
Depois da recepção apoteótica na exposição “Now that we found freedom what are we gonna do with it: HANGAR 2022”, realizada na capital portuguesa em Abril deste ano, S. Ex.ª. Mussunda N’zombo regressa a Luanda com a terceira performance da série “Entidades e Identidades Entrecruzadas 2075”,
Numa “cerimónia pública de carácter privado”, o personagem S. Exª Mussunda N´zombo fará um discurso, que será antecedido de uma sátira fotográfica sobre destituição, reconciliação nacional e a ubiquidade do exercício do poder político no quotidiano dos angolanos.
A cerimónia marca o terceiro ano de mandato do personagem interpretado por Domingos de Menezes e encerrará com um concerto do Duo Tona. Num diálogo sónico, o grupo recriará a interculturalidade da mensagem do “Partido Renascença”, formação política fictícia de S. Exª Mussunda N’Zombo, que defende uma fusão entre o urbano e o rural.
A série “Entidades e Identidades Entrecruzadas 2075” tem origem numa parceria entre S. Exª Mussunda N´zombo e o Goethe-Institut, cujo propósito é criar oportunidades para as artes performativas.
SOBRE O ARTISTA
A palete identitária de Domingos de Menezes ganha corpo nas contradições pessoais de cada um dos personagens que constituem a sua obra – Miguel Prince, Nguvulo, Mwata, Mussunda N’zombo – e que se lançam para o mundo através das contradições inevitáveis do Homem angolano moderno.
Performance, encenação, moda, instalação e serigrafia são as disciplinas que corporizam a sua expressão artística e que conferem um carácter multidimensional às suas propostas de diálogo.
Nos últimos anos, Domingos de Menezes tem-se dedicado a explorar a contradição que, no caso da elite urbana, surge de um processo de assimilação interrompido pelo fim da colonização. Como ponto de partida desta reflexão, tem abordado o egocentrismo nas construções identitárias africanas de carácter patriarcal, em oposição à europeização dos hábitos e costumes no seio das sociedades/comunidades locais.
Domingos de Menezes encontra na sua obra um veículo de afirmação política de víeis artístico, no qual as representações exageradas disputam espaço com a prática do exercício do poder, sendo às vezes difícil distinguir entre a performance e os factos que permeiam a nossa realidade.