Paris: Angolana Márcia Dias entre os lusófonos presentes na exposição Art Shopping no Carrousel do Louvre

Decorreu no passado fim-de-semana no Carrousel do Louvre aqui em Paris a 30a edição da Art Shopping, uma exposição que reúne artistas e galerias do mundo inteiro e que dá a conhecer novos talentos e obras de arte mais acessíveis a um público alargado. A RFI esteve nesta vasta mostra e falou com 4 artistas, a angolana Márcia Dias, o cabo-verdiano Tutu Sousa e as brasileiras Malu Ribeiro e Luciana Severo.

A arte cura, a arte traduz emoções e momentos íntimos, a arte é como a vida, foram algumas das palavras dos artistas com quem conversamos sobre o significado da pintura para si e sobre o período especial que todos vivenciamos, cada um à sua maneira, com a clausura imposta pela pandemia.

Artista Tutu Sousa pousa com Cristina Bernardini, curadora da sua exposição, junto de um dos dois quadros que apresenta na Art-Shopping, exposição organizada em Paris entre os dias 21 e 23 de Outubro. (© Liliana Henriques / RFI)

No caso de Márcia Dias, pintora angolana radicada há 20 anos em Portugal, que participou pela segunda vez na Art Shopping com um retrato de mulher com um lenço de samakaka, um tecido tradicional, no cabelo, ela diz que teve de se reinventar durante o período do confinamento. “Tive que me reinventar porque estivemos dois anos fechados e não podíamos sair, não podíamos fazer exposições, não podíamos viajar”, recorda a artista.

Márcia Dias que representou recentemente o seu país na Exposição Universal do Dubai e pintou em 2018 um retrato do Presidente angolano que lhe ofereceu em mãos próprias, evocou connosco as suas principais fontes de inspiração, o seu país, a natureza e a mulher africana. “Eu pinto momentos, pinto vivências, pinto emoções. Em cada sítio por onde passo, há sempre histórias para retratar”, diz.

Artista e galerista brasileira Luciana Severo no meio de algumas das obras que apresentou na Art Shopping em Paris, em Outubro de 2022. (© Liliana Henriques / RFI)

Nas nossas andanças pela exposição, falamos igualmente com o artista cabo-verdiano Tutu Sousa. Com 30 anos de carreira e um estilo identificável entre muitos, Tutu Sousa é também conhecido do público por ser o mentor da “Rua da Arte” no seu bairro na cidade da Praia. Ele veio pela primeira vez à Art Shopping com dois quadros, um alusivo à alegria de viver no arquipélago, o outro sobre música, um dos motivos muito presentes na sua arte. “Nós em Cabo Verde, não temos escolas de arte. Então, cada artista quase sempre é autodidacta. O facto de viajar muito, tenho que absorver um pouco de tudo aquilo que vou aprendendo”, diz o artista ao falar do que se chama em Cabo Verde de ‘tutuísmo’, a sua assinatura.

Noutro ponto da exposição, foi possível ver e adquirir obras de Malu Ribeiro, artista brasileira radicada desde 2018 na cidade do Porto, que se tem ilustrado nestes últimos anos com quadros representando ruas de várias cidades portuguesas em cores luminosas. Contudo, foi com três quadros de interiores que ela esteve presente na feira, embora não tenha tido a possibilidade de se deslocar a Paris. “Eu sou uma dessas artistas que quando pinta, tenta de certa forma possuir -não de uma maneira materialista, mas sim de uma maneira espiritual, emocional- aquele lugar” refere ao descrever o seu trabalho.

Vista da Art Shopping no Carrousel do Louvre, em Paris, no passado dia 21 de Outubro de 2022. (© Liliana Henriques / RFI)

Também presente na Art Shopping, a artista e galerista no Brasil, Luciana Severo tem, por sua vez, a particularidade de utilizar a pintura como meio de estimular a criatividade de jovens em prol de outros, de saúde frágil, que precisam de apoio. A dirigir há mais de dez anos uma escola de arte, Luciana Severo apresentou na Art Shopping numerosas reinterpretações de obras-primas da arte mundial feitas por crianças e adolescentes e explicou-nos no que consiste o seu projecto.”No Brasil, temos uma escola de arte com mais de 10 anos de existência. São crianças de 3 a 17 anos que pintam. Essas crianças expõem e vendem as suas obras e ajudam crianças em tratamento contra o cancro infantil. São crianças que através da arte, distribuem amor e solidariedade”, descreve.

“A arte cura, a arte transmite felicidade, ela dá alegria, satisfação e a expectativa de dias melhores. É o que a gente tem agora para passar para o mundo”, refere ainda a artista e galerista em jeito de conclusão do que pode ser a arte, um rasgo de luz, cor e surpresa nas nossas vidas.

Interior da exposição ‘Art Shopping’ no Carrousel do Louvre, em Paris, no passado dia 21 de Outubro de 2022. (© Liliana Henriques / RFI)

Links dos artistas:

https://www.instagram.com/tutu.sousa.arte/?hl=fr
https://www.instagram.com/marciadias_artista/?hl=fr
https://www.artmajeur.com/maluribeiro
https://www.instagram.com/atlasvioleta/?hl=fr
https://www.instagram.com/atelierlucianaseverokids/?hl=fr

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