Generais “Kamorteiro” e “Mackenzie” perfilam-se para substituir General “Disciplina” no CEMGFA

Os generais Geraldo Abreu Muengo “Kamorteiro” e Adriano Makevela Mackenzie, são apontados como os mais prováveis substitutos do actual Chefe do Estado Maior-General das FAA (CEMGFA), António Egídio de Sousa Santos, mais conhecido nas lides castrenses por general “Disciplina”, alterações que deverão ser feitas neste órgão principal das Forças Armadas Angolanas no âmbito da constituição do novo Executivo saído das eleições gerais de 24 de Agosto último.

Segundo uma fonte do ECOS DO HENDA a remodelação a ser feita nos próximos dias, foi antecedida de uma consulta aos dois oficiais generais – acima citados – pelo Presidente da Republica, João Manuel Gonçalves Lourenço, enquanto Comandante-em-Chefe das Forças Armadas com o intuito de um destes vir a substituir o actual CEMGFA.

General Geraldo Abreu Muengo “Kamorteiro”.
(DR)

Sobre o general António Egídio de Sousa Santos, segundo a nossa fonte, pesam reclamações de não atender as condições mínimas de acomodação e alimentação dos militares, bem como, o não aumento do salário ou equipará-lo com o da Polícia Nacional, contra os 6% que o Presidente da República, anunciou recentemente e que, em nada, reflectiram nos bolsos das famílias dos militares e polícias, atendendo ao índice da inflação calculado acima dos 18%.

A fonte do ECOS DO HENDA, avança ainda que, para aceitarem o cargo, os consultados impuseram algumas exigências ao Comandante-em-Chefe das FAA, que passam pela satisfação das necessidades da tropa.

Outrossim, apontaram a elevada sobrefacturação na aquisição dos víveres dos militares, cujos preços são bastante exorbitantes, na medida em que, um saco de arroz, por exemplo, acaba por ser adquirido, segundo as facturas, ao preço de 40 mil kwanzas, contra os 8 mil praticados no mercado comum do país.

Ainda assim, boa parte da alimentação vai para o mercado negro, sugerindo que o excedente da verba destinada à logística, poderia servir para o aumento ou equilíbrio dos salários há muitos anos, reclamados pela tropa e para atribuição de veículos aos oficiais superiores, muitos deles, a andarem a pé ou de táxis particulares, num autêntico desrespeito e banalização dos militares.

General António Egídio de Sousa Santos, actual CEMGFA.
(DR)

Quem são os “escolhidos”

Embora o favoritismo seja atribuído ao general Geraldo Abreu Muengo “Kamorteiro”, um dos factores primordiais que estão a seu favor para vir a ser o próximo Chefe de Estado-Maior General das FAA é, desde já, o interesse político do MPLA que, uma vez mais, pode se abrir a inclusão de ex-militares da UNITA, neste cargo de relevo depois de já ter ocupado o mesmo posto Geraldo Sachipengo Nunda, no cargo desde 2009 e exonerado em 2018, tendo sido substituído por António Egídio de Sousa Santos.

A exoneração de Nunda, ligada a uma lista de quase 40 exonerações e nomeações que o Comandante-em-Chefe fez no primeiro ano da sua estreia, enquanto Chefe de Estado, acabaria a deixa-lo folgado para assumir outras funções no aparelho do Estado, sendo actualmente embaixador da República de Angola no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte.

Devido à sua condição de oriundo das antigas FALA (braço armado da UNITA) a nomeação tenderá a constituir uma demonstração de confiança e/ou boa vontade do regime no que toca às suas políticas de reconciliação nacional – um efeito que vai, certamente, beneficiar o partido no poder e o seu líder João Manuel Gonçalves Lourenço.

Adriano Makevela Mackenzie, actualmente com 65 anos de idade, faz parte dos oficiais generais oriundos da  UNITA que participaram na constituição das FAA.
(DR)

Por sua vez, Adriano Makevela Mackenzie, actualmente com 65 anos de idade, faz parte dos oficiais generais oriundos da  UNITA que participaram na constituição das FAA. Abandonou as extintas FALA, logo após aos confrontos de 1992, em que forças leais ao Presidente José Eduardo dos Santos assassinaram, altos dirigentes da direção do “Galo Negro” que se encontravam em Luanda a negociar a segunda volta das primeiras eleições gerais daquele ano. Nas extintas FALA, respondia pelas comunicações razões, pela qual,  com a sua saída, a guerrilha de Savimbi viu-se obrigada a trocar todos os seus códigos de comunicação, com receio de que o general revelasse  ao governo.

Nas FAA, ocupou vários cargos de responsabilidades desde a Chefia da Direcção Principal de Reconhecimento e Informações até as responsabilidades de Preparação de Tropas e Ensino, que dá-lhe a competência pela distribuição de bolsas de estudos aos militares e no dia 11 de Novembro de 2018, o Presidente João Lourenço condecorou-lhe com a medalha de mérito militar no quadro das comemorações do 43º aniversário da Independência Nacional.

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