Moçambique: Cinco milicianos mortos e várias aldeias em chamas em Cabo Delgado

Um total de cinco membros da força local – milícias que lutam ao lado das tropas governamentais contra o terrorismo em Cabo Delgado – foram mortos em confrontos com grupos armados no domingo, 9, e cerca de 90 casas foram incendiadas em dois distritos, numa semana descrita como “difícil e de muito pranto”, segundo disseram à VOA nesta terça-feira 11, várias fontes locais.

Sete insurgentes foram mortos durante os diversos combates registados.

Os membros da força local, como é conhecida a milícia que apoia as forças governamentais e estrangeiras na guerra contra o terrorismo em Cabo Delgado, foram mortos num combate quando tentavam repelir uma invasão de um grupo armado na aldeia Mandava, no distrito de Muidumbe, no domingo.

“Os insurgentes entraram a disparar na aldeia e atingiram dois milícianos”, e ao fim dos confrontos cinco tinham sido alvejados mortalmente, contou à VOA Salimo Salé, citando um parente que sobreviveu ao ataque.

Nesse ataque, pelos menos 35 casas foram incendiadas, vários bens saqueados, além de duas armas de fogo, que eram usadas pela força local, capturadas pelo grupo armado “que semeou muito pranto”, numa das aldeias consideradas bem protegidas no planalto de Mueda, referiu a mesma fonte.

Apesar da presença das Forças de Defesa e Segurança

No dia anterior, sábado 8, vários relatos indicam que o grupo armado avançou com fortes disparos contra duas aldeias do distrito de Macomia, atacando, cerca das 20 horas, em simultâneo as aldeias Nguida e Litandacua.

Em Nguida, cerca de 20 quilómetros da sede distrital de Macomia, pelo menos 18 casas foram incendiadas e diversos bens roubados pelo grupo ligado ao Estado Islâmico (IS-Moz) neste ataque.

A aldeia, com uma posição das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), já tinha sido atacada no domingo, 2, durante o período da noite, quando os “terroristas queimaram seis casas”, sem nenhuma oposição das forças governamentais.

O facto de Nguida dispor de uma posição do exército governamental, e ser atacada duas vezes em menos de uma semana, deixou a população local incrédula e desconfiada do conflito.

“Esta guerra é difícil de entender. A situação está mal, muito mal”, afirmou outro deslocado do conflito, que pediu o anonimato.

Depois do ataque de sábado, a população continua a pernoitar nas matas, alguns com ferimentos, que contraíram durante a fuga.

Sete insurgentes mortos

Outros socorreram-se em aldeias vizinhas de Liukwe e Licangano, enquanto outros seguiram viagem em viaturas para a sede distrital de Macomia.

Já em Litandacua, cerca de 45 quilómetros da vila de Macomia, mais oito casas foram queimadas e vários bens roubados, num ataque com uma proporção de destruição menor, e que a população sugere ser resultado da pronta intervenção da força local.

A VOA tentou ouvir a reação da Polícia da República de Moçambique (PRM), que não respondeu até agora ao nosso pedido de comentário.

Várias fontes locais atestam o assassinato dos milicianos, com alguns relatos a indicar que as forças locais conseguiram matar sete insurgentes em troca.

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