O Consulado Geral de Portugal em Luanda anunciou nesta quinta-feira, 6, a impossibilidade de emissão de vistos por problemas informáticos.
Fernando Guelengue*
Segundo o aviso desta instituição que representa os interesses de Portugal em Angola, não há ainda uma previsão de data para o restabelecimento da normalidade.
Segundo vários relatórios e estudos sobre a situação de Angola, estamos a viver sucessivas crises económicas, políticas e sociais que tem afectado o bem-estar social dos angolanos. A credibilidade no futuro e esperança por uma Angola melhor já são falecidas.
Um grande grupo de intelectuais angolanos como músicos, escritores, jornalistas, economistas e até mesmo cidadãos sem destaque social, já se encontra na comunidade angolana em Portugal. O facto não é apenas em busca de melhores oportunidades formativas ou profissionais: é mesmo a abusiva má governação protagonizada pelo partido no poder desde 1975 com o abandono total do homem angolano.
E como a maneira mais fácil de sair de Angola é por Portugal e pelos demais países da CPLP, devido a língua oficial, vai subindo o interesse de angolanos abandonarem o país em busca de melhores condições de vida com as suas famílias restritas.
Paralelamente ao interesse de muitos saírem do país, as últimas eleições mostram que havia um grande número de angolano que desejavam regressar à terra natal. Estes que tiveram uma conversa comigo deram a conhecer que só fariam essa reviravolta em caso da queda do regime angolano, facto que não ocorreu em Agosto último por via do voto.
Diante deste cenário, todos decidiram não alinhar com a possibilidade de regresso e estão a receber um número elevado de solicitações de angolanos que desejam abandonar o país.
As manifestações ainda vão se multiplicar porque para aqueles que vão às ruas, não têm mais nada a perder. Pois, já têm os dias de vida contados por conta da fragilidade do sistema de saúde, a crise do sistema educativo, a corrupção endémica nas instituições e a partidarização da vida em Angola. É só ver que morre-se mais nestes últimos meses do que em vários momentos anteriores e muitos morrem de ataques cardíacos e AVC!!
Hoje, até a UNITA perdeu muitos dos que ainda tinham o mínimo de credibilidade na sua actuação política, estado a ser vista como cúmplice de um regime que eles mesmo dizem conhecer bem.
E a solução que seria a Sociedade Civil, ela foi gravemente afectada com o assalto da gazela que foi feito não só pelo MPLA, mas também pelo Galo Negro, empobrecendo ainda mais o discurso da cidadania e reforçando a polarização de Angola.
Aqui, isso já não se chama viver. O número de crianças, adolescentes e jovens que têm estado a desaparecer é enorme. Todos os dias nos deparamos com fotografias do Preocupa-se ou Está Desaparecido. É lamentável demais!!
O governo tem de trabalhar redobradamemte e com alguma seriedade porque a grande maioria dos angolanos não acredita mais ser possível uma saída para se devolver a Angola aos angolanos e avizinham-se dias difíceis.
*Com RESILIÊNCIAEFÉ