O BFA continua a liderar o ranking dos lucros da banca comercial angolana, enquanto o BAI se mantém como o campeão dos activos e o BIC domina o crédito. Os bancos estão a investir menos em títulos de dívida, ao mesmo tempo que o crédito vai crescendo a conta-gotas. Já o BPC mantém a sina das contas no vermelho.
Os resultados líquidos dos 21 bancos comerciais que publicaram balancetes do II trimestre de 2022 cresceram 21% para 186,8 mil milhões Kz no I semestre, com BFA, BIC e BAI a liderarem os lucros, de acordo com cálculos do Expansão. BAI Micro Finanças, Prestígio e o “repetente” Banco Económico ainda não apresentaram contas do II trimestre.
Apesar de uma queda de 11% nos resultados líquidos, ao passar de 75,2 mil milhões Kz obtidos no I semestre de 2021 para 67,2 mil milhões Kz no mesmo período deste ano, o BFA mantém-se o campeão dos lucros. Segue-se o BIC, que passou do quarto lugar deste ranking no período homólogo directamente para o segundo lugar, graças ao crescimento de 235% nos seus resultados líquidos, passando de 16,4 mil milhões Kz para 55,0 mil milhões. Já o BAI caiu para o terceiro lugar, após uma queda de 31% nos seus resultados líquidos, ao passar de 69,1 mil milhões Kz para 47,8 mil milhões.
Mas se o BFA é o campeão dos lucros, o BAI continua a liderar o ranking dos bancos com mais activos, apesar de uma queda de 7% no valor, passando de quase 3,2 biliões Kz para pouco mais de 2,9 biliões Kz. O BFA mantém-se na segunda posição, apesar de os seus activos terem caído 14% para 2,4 biliões Kz. O BIC ultrapassou o maior banco público, o BPC, e ocupa agora o terceiro lugar neste ranking, ainda que os seus activos tenham caído 12% para 1,8 biliões Kz. Ao todo, os activos dos 21 bancos que publicaram os seus balancetes caíram 7%, passando de 16,6 biliões Kz para 15,4 biliões. O banco que mais perdeu activos foi o BPC (-589,2 mil milhões Kz), seguindo-se o BFA (-399,3 mil milhões Kz), o Millennium Atlântico (-346,0 mil milhões), o BIC (- -243,7 mil milhões) e o BAI (- -229,8 mil milhões).
Esta queda dos activos deve-se, em parte, ao desinvestimento dos bancos em títulos de dívida pública, já que o Governo, no âmbito da sua estratégica de reperfilamento da dívida – troca de dívida de curto prazo por longo prazo e descida dos juros- tornou menos apetecível este mercado para as instituições bancárias.
E há que acrescentar, segundo o economista Wilson Chimoco, o facto de o BNA ter tirado “os títulos públicos como elementos elegíveis para o apuramento do rácio de liquidez dos bancos, o que reduz a atractivida[1]de dos mesmos na gestão do ba[1]lanço dos bancos”. Contas feitas, e apesar de representar ainda uma grande parte dos lucros dos da banca, o bloco de 21 bancos reduziu em 16% o seu stock de títulos, passando de quase 6,0 biliões Kz para quase 5,0 biliões no II trimestre deste ano face ao período homólogo. BFA (quase 1,1 biliões Kz), BAI (pouco mais de 1,0 biliões) e BPC (815,7 mil milhões Kz) lideram o ranking dos que mais detêm dívida pública.
Note-se que a maior parte dos títulos em posse do BPC se devem à injecção de capital feita pelo Estado, no âmbito do programa de reestruturação, mas também pelo pagamento por parte da Recredit no processo de aquisição de activos tóxicos (crédito malparado). Por outro lado, o BIC foi o banco que mais reduziu a sua carteira de títulos (-404,3 mil milhões), seguindo-se o Millennium (-280,2 mil milhões), o BFA (-252,7 mil milhões) e o BAI (-216,4 mil milhões).
C/Expansão