As palavras deste título são de um comunicado lido na abertura do principal jornal da Televisão Pública de Angola (TPA), que, acreditamos, foi produzido pelo Executivo.
Quando se assinala um mês sobre a morte de José Eduardo dos Santos, a TPA leu, na abertura do noticiário das 20:00, um comunicado, certamente do Governo porque não foi indicada a fonte, que acusa “dois dos seus muitos filhos” de José Eduardo dos Santos de fazerem do cadáver “de um chefe de Estado, que está sequestrado, aprisionado e congelado durante um mês devido ao capricho, à insensatez e à insensibilidade”.
“Desde a primeira hora o Executivo angolano tudo tem feito no sentido de garantir um funeral de Estado ao engenheiro José Eduardo dos Santos com todas as honras devidas ao seu estatuto e também à sua dimensão”, começou por ler o jornalista Ernesto Bartolomeu, na abertura do jornal.
“De Cabina ao Cunene, o Governo ressalta o comportamento e a atitude patriótica e cívica dos angolanos que acorreram em massa durante sete dias aos lugares de velório organizados para homenagear o antigo presidente da República”, prosseguiu o jornalista.
“A despeito destes sinais e engajamento do Estado angolano – num caso certamente inédito no mundo – o cadáver de um chefe de Estado está sequestrado, aprisionado e congelado durante um mês devido ao capricho, à insensatez e à insensibilidade, sem limites de dois dos seus muitos filhos”, concluiu, desta forma, a leitura do comunicado Ernesto Bartolomeu.
Depois de um razoável silêncio, o Executivo aponta o dedo a dois de oito filhos de José Eduardo dos Santos como os responsáveis pela incapacidade notória de fazer um funeral de Estado ao antigo presidente.