ADRA leva partidos à reflexão sobre a agricultura familiar e o comércio rural

Numa feliz iniciativa, a Acção do Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA) juntou nesta quinta-feira, 21, à mesma mesa os representantes dos partidos políticos, no sentido de partilharem com os cidadãos a sua visão sobre a agricultura familiar e o comércio rural em Angola.

Por: Ilídio Manuel

Na abertura do encontro, que teve lugar no auditório das Irmãs Paulinas, em Luanda, o director-geral da ADRA, Carlos Cambuta, destacou a importância da agricultura familiar na promoção da auto-suficiência alimentar e no combate à fome.
Enalteceu a importância do diálogo com os partidos políticos, as mais distintas instituições e com todos os que intervêm na cadeia da produção agrícola, assim como no comércio rural.

No encontro, que foi moderado pelo director do Observatório Político Eleitoral de Angola (OPSA) e membro da ADRA, Sérgio Caludungo, os representantes dos partidos políticos, à excepção da APN que primou pela ausência, trocaram vários pontos de vista sobre este ramo da agricultura.

Os participantes foram unânimes em reconhecer que os níveis de produção nacional estão aquém das necessidades reais do país, o que se reflecte negativamente na importação crescente de bens alimentares para acudir a situação de fome e pobreza.

Os partidos políticos concorrentes às eleições de Agosto próximo sublinharam a necessidade de se impulsionar o comércio rural em Angola, de forma a fazer face à pouca oferta de insumos agrícolas ou o seu fornecimento irregular aos camponeses.
Sobre a persistente dificuldade de escoamento de produtos agro-pecuários devido ao mau estado de estradas, sobretudo as que ligam as vilas as comunas e aos campos de produção, os participantes defendem a melhoria das vias de circulação e a aquisição de meios rolantes.

O sector agrícola pode desempenhar um papel fundamental na resolução dos desafios do emprego para jovens nos países africanos menos desenvolvidos.
(© Fotografia por: Vigas da Purificação| Edições Novembro)

Durante o encontro, o moderador do debate desafiou a cada um dos partidos a debruçar-se sobre que tipos de políticas agrícolas iriam implementar caso fossem Governo, mais concretamente como iriam fomentar a produção agrícola, assim como dinamizar o comércio rural.

Os partidos políticos referiram sobre a necessidade da priorização da agricultura familiar, do crédito agrícola e comercial, do acesso à terra, na aposta à investigação científica, no aumento da percentagem do OGE para o sector da agricultura e no incentivo à criação de associações e cooperativas agropecuárias.

Constatou-se que todos os partidos políticos têm na agricultura familiar como uma opção estratégica para revolucionar o sector da agricultura no país, mas o modo como pensam fazê-lo já é diferente. Por exemplo, no que diz respeito à terra, o partido MPLA defende a tese da terra continuar a ser propriedade exclusiva do Estado, mas cedendo terras para fins de uso e posse para os cidadãos que manifestem tal vontade junto das instituições competentes do Estado.

Por sua vez, os partidos políticos UNITA, PRS, FNLA, P-NJANGO e P-HUMANISTA, assim como a Coligação de Partidos Políticos CASA-CE entendem que se forem governos a terra terá de ser propriedade do povo e não do Estado, como defende o MPLA.

Os participantes têm noção de que o desafio do fomento da produção nacional e da dinamização do comércio rural dá-se pela combinação de outros factores-chave, como a necessidade de se desenvolver a indústria aplicada à agricultura familiar, isto é, fábricas de produção de fertilizantes, charruas, entre outros meios de produção, bem como fabricas para a transformação de produtos.

Finalmente, os partidos políticos secundam a ideia de que há necessidade de não se depender somente da agricultura de sequeiro, mas também no sentido de se ampliar a produção nacional por via da agricultura de irrigação, o que permitira, por exemplo, o país ter milho todo o ano.

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